sexta-feira, 25 de junho de 2010

GABRIELA CANAVILHAS

Saramago foi/é tão GRANDE que até a sua morta me proporcinou tomar conhecimento com personalidades que até então, não só me eram desconhecidas como não lhes tinha dado qualquer importância...

Gabriela Canavilhas
Actual Ministra da Cultura.

Na cultura, com amor...

A nova Ministra da Cultura deixou-se vencer pela emoção e esqueceu o protocolo

A pianista Gabriela Canavilhas é, desde 26 de Outubro 2009, oficialmente a nova Ministra da Cultura e, no final da tomada de posse, deixou aos jornalistas apenas uma frase: "Agora, é tempo de arregaçar as mangas e trabalhar". Acompanhadas pelo seu já natural e sincero sorriso, estas foram as únicas palavras proferidas à saída do Palácio de Ajuda, onde foi uma das primeiras pessoas a chegar, conduzindo o seu próprio automóvel que depois levou ao encontro do marido, José Manuel Canavilhas e da filha, Joana, de 23 anos.

Considerada uma das mais talentosas pianistas Portuguesas, Gabriela Canavilhas, de 46 anos, optou pelo preto para a cerimónia e, entre as novas caras do XIII Governo Constitucional, liderado por José Sócrates, é uma das que mais atenção e curiosidade tem merecido por parte da Imprensa.
Quebrando um pouco o protocolo, mas deixando que a emoção do momento e os sentimentos ganhassem liberdade, na tradicional sessão de cumprimentos o marido de Gabriela, José Manuel, militar, e a filha de ambos, Joana, licenciada em jornalismo, felicitaram a nova responsável pela cultura nacional. Hesitante, no início, o casal acabou por selar, com um beijo nos lábios, o início de uma nova vida, uma vez que devido ao novo cargo toda a família se mudou dos Açores (Gabriela era Directora Regional da Cultura) para Lisboa. "Chegámos ontem dos Açores para poder assistir à tomada de posse", explicou José Manuel Canavilhas, acrescentando: "Agora é tempo de tratar de toda a logística. Essa tem sido a grande diferença dos últimos dias. Como a minha mulher não tem tempo, estou a tratar de trazer todas as nossas coisas para Lisboa. Estamos a fazer as malas para regressar". José Manuel garantiu ainda que, durante a cerimónia "estávamos todos muitos calmos". Uma calma que nos próximos tempos será radicalmente alterada pelos ritmos governativos de Gabriela Canavilhas e que podem fazer rarear os serões em família, ao som do piano, e os momentos de inspiração na paz do seu refúgio de Aviz, no Alentejo.

GABRIELA CANAVILHAS - Pianista

De origem Açoriana, iniciou os estudos musicais no Conservatório Regional de Ponta Delgada. Terminou o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional de Lisboa, na classe do Prof. António Menéres Barbosa. Estudou Música de Câmara com Olga Prats, e posteriormente com Riccardo Brengola, na Accademia Musicale Chigiana (Siena, Itália), onde lhe foi atribuído o Diploma de Mérito em Música de Câmara.
Gabriela Canavilhas é a directora artística do Festival MusicAtlântico nos Açores, desde a primeira edição, em 1999.
É licenciada em Ciências Musicais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Desde Janeiro de 2007, é membro do Conselho Directivo da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

Entre Novembro de 2003 e Novembro de 2008, foi Presidente da Direcção da Orquestra Metropolitana de Lisboa, Presidente do Conselho Directivo da Academia Nacional Superior de Orquestra e Directora Pedagógica do Conservatório Metropolitano de Música de Lisboa e da Escola Profissional Metropolitana.
Desde o dia 1 de Dezembro de 2008 exerce as funções de Directora Regional da Cultura dos Açores



Gabriela Canavilhas, despertou-me a atenção não só pela sua Beleza e Simpatia Natural, como pelas suas Belas Palavras de Homenagem a José Saramago, durante o seu velório.

Sei que quando morrer terei apenas os sentimentos saudosos e sinceros das 3 pessoas que mais AMO(até hoje).
Mas gostaria que houvesse alguem que me dedicasse alguns pouquissimos segundos com pouquissimas palavras, mas tão belas como as proferidas pela nossa actual Ministra da Cultura a Saramago.
Perdoem-me este meu devaneio. Não, não sou Megalomana!
Também não julguem que é por vaidade ... é sim apenas e só pelo sentimento e pela Beleza!

Pilar del Rio

Tomei conhecimento/ descobri, PILLAR DEL RIO!

Procurei saber mais sobre ela... como é Espanhola, há pouca coisa.

Para mim ... é daquelas pessoas com quem eu me gostaria de parecer e de me relacionar.
Ela representa tudo o que eu não sou mas gostaria de ser ... meiga, calma, destinta, segura, delicada, serena...

QUE SEJA FELIZ!

O grande amor nos tempos de glória de José Saramago foi a jornalista e tradutora espanhola Pilar del Río, que conheceu em 1986, quando ela se deslocou expressamente a Lisboa para o conhecer.
O interesse de Pilar despertara aquando numa visita a uma livraria em Sevilha, deparou com o livro ‘Memorial do Convento’ numa estante. O título cativou-a. Comprou-o e “devorou-o”.
Após essa primeira abordagem, Pilar, que então trabalhava para a TVE na Andaluzia, leu tudo o que estava traduzido de Saramago.
Ao terminar ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis', a jornalista, que afirmou ter sentido "uma comoção muito forte", decidiu deslocar-se a Lisboa.

Saramago reconhece o papel então desempenhado por essa obra junto de Pilar ao dizer em 2002, numa entrevista: "Pelo menos dessa vez toquei no tecto (...) e toquei algo mais (...). Refiro-me a Pilar, claro está..."
O primeiro contacto entre ambos, ocorrido no Hotel Mundial, onde ela se hospedou, aguardando a visita de um homem que imaginara de baixa estatura.
… Deu origem ao intercâmbio de livros e ideias, domínios em que detectaram a existência de grandes afinidades, designadamente de natureza política.

Saramago também a visitou em Espanha. Em 1987 passaram a viver em conjunto e no ano seguinte casaram em Portugal, cerimónia que repetiram em Espanha em 2007, na terra natal de Pilar, Castril.

Esta relação atenuou a estrita reserva mantida até então pelo escritor no que respeita à sua intimidade.

A sua filha, Violante, reconheceu em 1999 que Pilar del Río o tornou "mais acessível, mais aberto, mais capaz de derramar os sentimentos."

No entanto, o papel que a jornalista espanhola exerceu na vida do escritor ultrapassou em muito esse domínio.

O ano em que Saramago conheceu a jornalista espanhola foi aquele em que se extinguiu a sua precedente relação amorosa, mantida desde 1966 com a escritora Isabel da Nóbrega. Curiosamente, tinha sido precisamente em 1966 que Saramago retomara a carreira literária, depois de uma paragem de 19 anos. E fê-lo não em prosa, mas com poesia - ‘Os Poemas Possíveis'.

A solidez e durabilidade da ligação então encetada transparece nas dedicatórias "a Isabel" que figuram em obras publicadas nesse período, designadamente os êxitos editoriais ‘Levantado do Chão' e ‘Memorial do Convento'.
Isabel da Nóbrega era "filha das chamadas boas famílias". Provinha, assim, de um meio social estranho à vivência e convicções de Saramago. No passar dos anos a relação degradou-se "com o convívio do dia-a-dia".
As reedições de obras ocorridas depois do termo da longa ligação amorosa deixaram de incluir as dedicatórias a Isabel.

Mais raras ou inexistentes são as menções feitas pelo próprio e por terceiros à ligação de Saramago com Ilda Reis. Casaram-se em 1944, tinha Saramago 22 anos de idade. Ilda Reis era natural de Lisboa e trabalhava como dactilógrafa da CP, tendo mais tarde tornado-se conhecida como pintora. Divorciaram-se em 1970. A filha de ambos, Violante, única descendente de Saramago, nasceu em 1947 e licenciou-se em Biologia.

A 17 de Outubro de 1998, no jornal «Público», Pilar del Rio descrevia como se tinha apaixonado pelo português: … “Uma certa tarde de 1986, em que fui com umas amigas a uma livraria, descobri a obra, vi um livro chamado “O Memorial do Convento” e achei curioso o título. Li uma página, li o arranque, comprei, fui para casa e devorei-o”.
Logo a seguir, comprou toda a obra traduzida em espanhol. Conheceram-se ainda em 1986, juntaram-se em 1987 e casaram-se em 1988.
Os dois mudar-se-iam para Lanzarote, a última morada do autor.
A 3 de Junho de 2008 celebrou-se aquele que o escritor considerou «terceiro casamento», quando Pilar del Rio passou a ser nome de Rua na Azinhaga, Golegã – Ribatejo (terra Natal de Saramago), fazendo esquina precisamente com Saramago. A musa do autor tornava-se, também «filha adoptiva» da terra-natal do seu amado.



A esposa de Saramago, Pilar del Rio, leu um trecho
de ‘O evangelho segundo Jesus Cristo’ no velório do
escritor

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Morreu José SARAMAGO

Morreu José Saramago: “Desapareceu um Enorme Escritor Universal”

O escritor Português e Prémio Nobel da Literatura, em 1998, José Saramago, morreu na 6ª. Feira, dia 18-06-2010, aos 87 anos, em Lanzarote, Canárias, Espanha.

Segundo Pilar del Río, Saramago passou mal após tomar o café da manhã e recebeu auxílio médico, mas não resistiu e morreu.
Saramago, encontrava-se doente em estado "estacionário", vitima de uma Leucemia, mas a situação agravou-se.
Nos últimos anos, havia sido hospitalizado em várias oportunidades devido a problemas respiratórios.

"Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12h30 horas [horário local] na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila", diz uma nota assinada pela Fundação José Saramago e publicada na página do escritor na Internet.

Seu corpo será cremado e as cinzas ficarão em Portugal, como indicou o administrador da Fundação José Saramago.

"Hoje, 6ª. Feira, 18 de Junho, o corpo de José Saramago está sendo velado desde a tarde, em uma Biblioteca que leva o seu nome, na Cidade de Tías, na Ilha Canária de Lanzarote.
O prefeito José Juan Cruz decretou três dias de luto.

Amanhã, Sábado, os restos mortais de Saramago devem ser transportados a Lisboa por um avião enviado pelo Governo Português.
Em cortejo fúnebre, o corpo será levado até ao Salão de Honra da Prefeitura de Lisboa, onde permanecerá até Domingo, quando será cremado no cemitério do Alto de São João, em Lisboa.

Em 1980 publicava ‘Levantado do Chão’ – uma espécie de romance de iniciação.
Logo depois, e na sequência do admirável ‘Memorial do Convento’, Saramago escreve e publica, entre outros, ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’ (1984), ‘A Jangada de Pedra’ (1986) e ‘História do Cerco de Lisboa’ (1989)”.

Após os anos 80, “a mais fecunda década da escrita literária de Saramago", abre-se um tempo de tematização de sentidos, de valores e de temas com um alcance universal. É então, sobretudo, que o registo da alegoria (expressão de uma ideia através de uma imagem, um quadro, etc) entra decididamente na escrita literária de Saramago;
É por isso que romances como ‘Ensaio sobre a Cegueira’ ou ‘Todos os Nomes’ são e serão lidos como grandes romances da Literatura Universal.

O último crente

Saramago foi, na sua história pessoal e de escritor, “o que de mais próximo tivemos com a Gata Borralheira, uma gata borralheira rústica, que nasceu num berço pobre e chegou àquele trono de Estocolmo”.
O prémio Nobel, foi importante para ele, mais foi-o também para o País, por ter sido o primeiro Nobel da Literatura Portuguesa e porque as probabilidades de que venhamos a ter outro não são muitas...

Uma vida literária

Saramago nasceu na Aldeia de Azinhaga, na Golegã, a 16 de Novembro de 1922, e apesar da mudança com a família para Lisboa, com apenas dois anos, o local de nascimento seria uma marca constante ao longo da sua vida, como referiria na Academia Sueca em 1998, aos 76 anos, quando da sua distinção com o Nobel da Literatura. A austeridade material da sua infância, contraposta a uma riqueza humana que o marcaria indelevelmente, seria um dos pontos fulcrais do discurso, onde destacou longamente a avó Josefa e o avô Jerónimo.

... Foi estudante no Liceu Gil Vicente, que é obrigado a abandonar por dificuldades económicas, matriculando-se na Escola Industrial Afonso Domingues, termina em 1939 os estudos de Serralharia Mecânica.
Como primeiro emprego, trabalha nas oficinas do Hospital Civil de Lisboa.
A paixão pela literatura é alimentada de forma autodidacta, nas noites passadas na Biblioteca do Palácio das Galveias.
Nos anos seguintes, transitará para os serviços administrativos do Hospital Civil, antes de se ligar profissionalmente à Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria da Cerâmica.

Em 1944, casa com a gravadora e pintora Ilda Reis.
A filha única do casal, Violante Saramago Matos, nasceria em 1947, o mesmo em que publica a sua primeira obra, “Terras do Pecado”. O título original, “Viúva”, foi alterado por imposição do editor da Minerva. Saramago desvaloriza o livro, que nunca incluiu na sua bibliografia. Uma das razões apontadas pelo seu autor para a exclusão foi, precisamente, a alteração forçada do título. “Clarabóia”, que seria o sucessor de “Terras do Pecado”, foi recusado pelo seu editor e permanece inédito até hoje.

A partir de 1955, Saramago começa a desenvolver trabalho de tradutor, dedicando-se a nomes como Hegel ou Tolstoi. O regresso à edição dar-se-ia mais de uma década depois. Em 1966, altura em que ocupava o cargo de editor literário na Editorial Estúdio Cor, lança o livro de poesia “Poemas Possíveis”. Então um autor discreto no panorama literário nacional, continuaria a exprimir-se em poema nas obras seguintes, “Provavelmente Alegria” (1970) e “O Ano de 1993” (1975).

Crítico literário na “Seara Nova” a partir de 1968, torna-se no ano seguinte membro do Partido Comunista Português, do qual será, até à morte, um dos mais distintos militantes. A partir do final de década de 1960 desenvolve trabalho intenso na imprensa, principalmente enquanto cronista, no "Diário de Notícias" ou "Diário de Lisboa", no jornal "A Capital", no "Jornal do Fundão" ou na revista "Arquitectura".

Em 1975, em pleno PREC, torna-se director-adjunto do "Diário de Notícias". Esta função representaria o auge do seu percurso jornalístico e, paradoxalmente, seria fundamental para o seu regresso à literatura e ao romance, o género em que se notabilizaria definitivamente.
A sua direcção-adjunta seria marcada pelo polémico saneamento de jornalistas que se opunham à linha ideológica do jornal. Demitido no 25 de Novembro, acusado de aproveitar a sua posição para impor no diário os desejos políticos do PCP, toma uma decisão que transformaria a sua vida: Não mais se empregaria! A partir de então, seria um escritor a tempo inteiro.

“Manual de Pintura e Caligrafia”, três décadas depois de “Terras do Pecado”,(1947) foi a primeira obra de José Saramago após se dedicar em exclusivo à escrita. Com os livros seguintes, “Levantado do Chão” (1980), >“Memorial do Convento” (1982) e "O Ano da Morte de Ricardo Reis"(1984), torna-se escritor respeitado pela crítica e conhecido pelo público.
É neles que define o seu estilo enquanto romancista, marcado pelas longas frases, pela ausência de travessões indicativos de discurso e pela utilização inventiva da pontuação.
Nos seus livros, personagens fictícias surgem em convívio com personalidades históricas, como no supracitado “Memorial do Convento” ou em “História do Cerco de Lisboa” (1989), e são criados cenários irreais para questionar e problematizar a actualidade, como em “A Jangada de Pedra” em que a Península Ibérica se separa do continente europeu, errando pelo Atlântico.

Quando, em 1991, lançou para as livrarias o seu Cristo humanizado de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago esperaria certamente a contestação dos sectores católicos da sociedade portuguesa, não esperaria o que aconteceu para além disso.
O veto oficial do romance, ao Prémio Literário Europeu, pela voz do então Sub-secretário de Estado da Cultura: Sousa Lara, do governo liderado por Aníbal Cavaco Silva, precipitou a sua saída de Portugal.
Em 1993, auto-exilou-se na ilha de Lanzarote, nas Canárias, com Pilar del Rio, a jornalista espanhola com quem casara em 1988.

As primeiras obras em Lanzarote seriam “Ensaio Sobre a Cegueira” (1995), ficção apocalíptica que o realizador Fernando Meirelles adaptaria ao cinema treze anos depois, e “Todos os Nomes” (1997).
Um ano depois, seria alvo da maior distinção da sua carreira.

A 9 de Outubro de 1998, José Saramago foi anunciado vencedor do Prémio Nobel da Literatura, o primeiro atribuído a um escritor português.
Seria o impulso decisivo para a sua ascensão a figura literária global e o premiar de uma obra que se dedicou a explorar e questionar a natureza humana de diversos ângulos e em diversos cenários.
Em 2002, em entrevista ao diário britânico Guardian, confessava, "provavelmente sou um ensaísta que, como não sabe escrever ensaios, escreve romances." Não só, para além dos romances e da poesia, deixa obra enquanto dramaturgo, assinando as peças teatrais "Que Farei Com Este Livro" ou "In Nomine Dei".

Saramago, que o influente crítico literário norte-americano Harold Bloom considerava o mais talentoso romancista vivo, manteria nos anos seguintes uma cadência editorial regular.
“A Caverna” (2000), “O Homem Duplicado” (2002),
“As Intermitências da Morte” (2005) e “A Viagem do Elefante” (2008)
foram lançados enquanto o escritor se assumia também, enquanto voz interventiva, muitas vezes polémica, no espaço mediático mundial.
Converteu-se inclusivamente à blogosfera em 2008, aos 86 anos - (blog.josesaramago.org), de onde lançou por exemplo repetidos ataques a Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano que classificou de "vírus". Nada de novo num homem que apreciava a discussão, que erguia alto a voz na defesa das suas ideias. Anos antes do episódio Berlusconi, denunciara aquela que considerava ser a política criminosa do Estado Israelita relativamente à Palestina, acusando Israel de “não ter aprendido nada com o Holocausto”, classificara a globalização como “o novo totalitarismo” e surpreendera os camaradas de partido ao não alinhar no apoio aos dirigentes cubanos que condenaram à morte três responsáveis pelo desvio de um "ferry". Em Portugal, o iberista convicto polemizou ao declarar que Portugal e Espanha estariam destinados a fundir-se num único país.

“Caim” (2009), o seu último romance, acompanhado das declarações feitas aquando do seu lançamento, em que classificou a Bíblia como “um manual de maus costumes”, foi a derradeira polémica (e provocação) de Saramago. ...

...“Se eu tivesse morrido aos 63 anos antes de ter conhecido Pilar, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora”.
É assim, a partir de uma bela declaração de amor de José Saramago à esposa Pilar Del Río, que o diretor português Miguel Gonçalves Mendes inicia o filme 'José & Pilar', documentário inédito sem data de estreia prevista...

É um retrato íntimo do escritor - que morreu aos 87 anos - ao lado da jornalista espanhola, 28 anos mais jovem. Os dois se conheceram em 1987 e completavam-se. “Ela lhe deu uma segunda vida. Ela é lutadora, vive a batalha de mudar o mundo, enquanto ele era português: melancólico, sereno... Uma combinação perfeita!

"Algumas pessoas dizem que José era um incendiário. Mas Saramago não era incendiário, era simplesmente lúcido!
E tentou, dentro do possível, melhorar o mundo através do impacto que as suas opiniões podiam ter naqueles que as ouvissem.
Ao contrário da arrogância que algumas pessoas afirmavam, ele era de uma doçura e simpatia incríveis.
Tinha um enorme sentido de humor, que era brilhante.
Mas, como ele dizia: "... não tinha culpa da cara que tinha”.

DESCANSE EM PAZ