A propósito deste poste do blogue "duas ou três coisas" do nosso, quase, ex embaixador em Paris, Dr. Francisco Seixas da Costa, que me levou, curiosa, a ler alguns dos seus comentários, ao terminar, só me veio á memoria estas quadras soltas de António Aleixo, falecido antes de eu ter nascido e que, tanto se aplicam, não só, aos comentários que por lá li, como aos dias actuais. Vai daí, para dar descanso a minha mente, resolvi aqui os transcrever. É que vale sempre a pena recordá-los.
Quando não tenhas à mão
Outro livro mais distinto,
Lê estes versos que são
Filhos das mágoas que sinto
Forçam-me, mesmo
velhote,
De vez em quando, a beijar
A mão que brande o chicote
Que tanto me faz penar
De vez em quando, a beijar
A mão que brande o chicote
Que tanto me faz penar
Porque o mundo me empurrou,
Caí na lama, e então
Tomei-lhe a cor, mas não sou
A lama que muitos são.
Caí na lama, e então
Tomei-lhe a cor, mas não sou
A lama que muitos são.
Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
Deixam-me sempre
confuso
As tuas palavras boas,
As tuas palavras boas,
Por não te ver fazer
uso
dessa moral que apregoas.
dessa moral que apregoas.
Vós que lá do vosso império
Prometeis um mundo novo,
Calai-vos, que pode o povo
Qu'rer um mundo novo a sério
Prometeis um mundo novo,
Calai-vos, que pode o povo
Qu'rer um mundo novo a sério
Que importa perder a vida
Em luta contra a traição,
Se a Razão mesmo vencida,
Não deixa de ser Razão?
Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
Eu já não sei o que faça
P'ra juntar algum dinheiro;
Se se vendesse a desgraça
já hoje eu era banqueiro
Há pessoas muito altas
De nome ilustrado e sério,
Porque o oiro tapa as faltas
Da moral e do critério.
Em luta contra a traição,
Se a Razão mesmo vencida,
Não deixa de ser Razão?
Sei que pareço um ladrão...
Mas há muitos que eu conheço
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.
Eu já não sei o que faça
P'ra juntar algum dinheiro;
Se se vendesse a desgraça
já hoje eu era banqueiro
Há pessoas muito altas
De nome ilustrado e sério,
Porque o oiro tapa as faltas
Da moral e do critério.
Este livro que vos deixo
E que a minha alma ditou,
Vos dirá como o Aleixo
Viveu, sentiu e pensou.
Um Abraço!
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