ANTÓNIO ZAMBUJO - O PICA DO SETE
De manhã cedinho
Eu salto do ninho e vou p’ra paragem
De bandolete, à espera do sete
mas não pela viagem
Eu bem que não queria
mas um certo dia vi-o passar
E o meu peito céptico
por um pica de eléctrico voltou a sonhar
A cada repique
que soa do clique daquele alicate
Num modo frenético
o peito céptico toca a rebate
Se o trem descarrila o povo refila e eu fico num sino
pois um mero trajecto no meu caso concreto é já o destino
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vão
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá
Que triste fadário e que itinerário tão infeliz
Cruzar meu horário com o de um funcionário de um trem
da carris
Se eu lhe perguntasse
se tem livre passe
pró peito de alguém
Vá-se lá saber talvez eu lhe oblitere o peito também
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vão
Mais nada me dá a pica que o pica do sete me dá
Ninguém acredita no estado em que fica o meu coração
Quando o sete me apanha
Até acho que a senha me salta da mão
Pois na carreira desta vida vão
Mas nada me dá a pica que o pica do sete me dá
Mas nada me dá a pica que o pica do sete me dá
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