Gostei tanto que a transcrevo para este meu espaço, para que quem a leia possa pensar bem o quanto a mente consegue esconder as nossas maiores preocupações e aflições sem nada deixar transparecer...
Que descanse em Paz!
Tonecas: Fazer rir para não chorar
(Luísa Jeremias)
O que se passou com Luís Aleluia, que será sempre recordado por todos como o "malandreco" Menino Tonecas, personagem de 'sitcom' que durou anos e se tornou quase mais popular do que o próprio ator e que haveria de acompanhá-lo vida fora, faz-nos pensar em nós próprios e nos que nos rodeiam.
Luís Aleluia partiu sem avisar, sem pedidos de ajuda, sem rigorosamente nada.
Partiu em silêncio, consigo próprio, porque assim o quis.
Mais: partiu cheio de projetos partilhados com os seus companheiros de estrada, aqueles com quem trabalhava na Casa do Artista, a sua companheira Zita, os "seus", de uma forma geral. E mesmo assim partiu.
Obriga-nos a questionar os estados exteriores de alegada alegria, de vida que corre sobre rodas, de sorrisos e encantamento nas redes sociais e que, no fim de contas, se podem traduzir em problemas de saúde mental, em angústias, em sofrimento em silêncio.
Quem decide partir, parte.
Não grita por ajuda – e isso é que é dramático.
O trabalho de perceber o que vai "naquela cabeça" começa muito antes.
Mas como dar conta de uma depressão?
Como ter a certeza e ajudar a tempo quem se destrói interiormente com pensamentos, sem que tenha um acompanhamento específico para o seu caso.
E depois vem o resto: o que também nos faz pensar em Aleluia, em Pedro Lima, mas também na morte súbita de Maria João Abreu ou de Rogério Samora.
As tormentas.
Será que somos felizes? – de uma forma geral, porque está sempre em estado de felicidade. Será que a vida que levamos é a que desejamos?
A que tem realmente a ver connosco?
Será que precisamos de ceder a tantas obrigações sociais, profissionais, familiares até, acreditando que assim é que tem de ser, custando isso, por vezes, tanto?
Será que não é o momento de pensarmos mais em nós próprios?
Para o Luís Aleluia fica um beijo. Triste, pela perda tão jovem.
Que se sinta bem no lugar para onde preferiu ir, seja lá onde for esse lugar.
À família e amigos, os pêsames.
A todos nós, votos de um bom verão. De parar, pensar e mudar. A tempo e horas.
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