sexta-feira, 28 de outubro de 2022

"Algo Estranho Acontece" - António Zambujo


O nosso amor chega sempre ao fim
Tu velhinha com o teu ar ruim
E eu velhinho a sair porta fora
Mas de manhã algo estranho acontece
Tu gaiata vens da catequese
E eu gaiato a correr da escola
Mesmo evitando tudo se repete
O encontrão, a queda, e a dor no pé 
Que o teu sorriso sempre me consola

No nosso amor tudo continua
O primeiro beijo e a luz da Lua
O casamento e o Sol de Janeiro
Vem a Joana, a Clara e o Martim
Surge a Pituxa, a Laica e o Bobi
E uma ruga a espreitar ao espelho
Com a artrite, a hérnia e a muleta
Tu confundes o nome da neta
E eu não sei onde pus o dinheiro

O nosso amor chega sempre aqui
Ao instante de eu olhar p'ra ti
Com ar de cordeirinho penitente
Mas nem te lembras bem o que é que eu fiz
E eu com isto também me esqueci
Mas contigo sinto-me contente
Penduro o sobretudo no cabide
Visto o pijama e junto-me a ti 
De sorriso meigo e atrevidamente

Ao teu pé frio, encosto o meu quentinho
E adormecendo lá digo baixinho
Eu vivia tudo novamente!

terça-feira, 11 de outubro de 2022

"Corpo de Mulher" - Letra e Música de Agir


Agir, nome artístico de Bernardo Correia Ribeiro de Carvalho Costa, é um cantor, compositor e produtor português. 
Nasceu a 18 de Março de 1988, é filho do também cantor Paulo de Carvalho e da atriz Helena Isabel.

Este ano escreveu a letra e a música da canção "Corpo de Mulher", para o Festival da Canção/2022.

Canção defendida por Carolina Milhanas.
Não ganhou, mas era uma das minhas preferidas!


Dá-me um corpo de mulher
Mesmo que o tornem invisível
Rasguei do mundo o meu papel
Nasci não para dar, mas para ser

Laivos de dor em feridas de sal
Calei a voz, não me vês como igual
Dei mais e mais de mim
Mas nunca chega, não chega p'ra ti


Tenho um corpo de mulher
Eu sei, tem sido mais difícil
Neguei viver por um anel
Nasci para voar sem me prender

Laivos de dor em feridas de sal
Soltei a voz, e gritei: Sou igual
Dei mais e mais de mim
Mas nunca chega, não chega p'ra ti


Andei, pisei, num chão de vidro
Brasas que queimam se visto a minha pele
Mas reclamei o que me é devido e a mim sou fiel
Pois, sei que chego, eu chego p'ra mim

"Na rua dos meus ciúmes"


Ada de Castro


António Zambujo