domingo, 30 de dezembro de 2012

Natal 2012


Como este ano, pouco aqui escrevi sobre o Natal, deixo umas musicas de Andre Rieu, esperando que todos os que aqui me visitem, tenham tido Um FELIZ NATAL!!

Gosto II

 
Bem te avisei, meu amor
Que não podia dar certo
Que era coisa de evitar

Que como eu, devias supor
Que, com gente ali tão perto
Alguém fosse reparar

Mas não!
Fizeste beicinho e,
Como numa promessa
Ficaste nua para mim

Pedaço de mau caminho
Onde é que eu tinha a cabeça
Quando te disse que sim?

Embora tenhas jurado
Discreta permanecer
Já que não estávamos sós

Ouvindo na sala ao lado
teus gemidos de prazer
Vieram saber de nós

Nem dei por o que aconteceu
Mas mais veloz e mais esperta
Só te viram de raspão

A vergonha passei eu
Diante da porta aberta
Estava de calças na mão

Gosto

Insónia

Filipe Pinto

Acordo ou deixo dormir
O meu monstro da noite
Era bom poder, sorrir...
Em escassas horas de sono
Assim sento e recolho
Ao frio da insónia
Que vi, em mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não...
Dessa mente que não quer sossego!
Dessa mente que não quer sossego!
Murmúrios ou medos
Há quem durma sem jeitos
Em cima de uma cama
A rir, de mim...
Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanha eu devo ir trabalhar!
Mais do mesmo se encontra...
Nestas horas de ponta
O corpo pede a alma pra dormir,
Em mim...

Faz-me revirar o tempo
O monstro não me deixa não!
Faz libertar ao escurecer a mente
Que amanha eu devo ir trabalhar!
Num sonho por sonho
Num monopólio de oiro
O vício da insónia
Não consegui...

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Que Mundo é este?

"Pluma Caprichosa" - A Suicidade da Sociedade  - Clara Ferreira Alves

Sem o voyeurismo que alimenta as massas, sem o voyeurismo da intriga e da devassa da intimidade, nada disto teria acontecido

PARAFRASEANDO MARK TWAIN, sinto-me a pessoa com juízo na comunidade de loucos.
Dois radialistas australianos resolveram pregar uma partida e telefonar para o hospital onde Kate Middleton estava internada, fazendo-se passar pelo príncipe Carlos e pela rainha Isabel II.
Por razões não esclarecidas, a chamada foi passada à enfermeira que cuidava da duquesa grávida. E a enfermeira deu pormenores do estado. Este estado não era segredo, pelo contrário.
Dias seguidos, jornais, televisões e plataformas digitais esgotaram o tema da gravidez real e dos vómitos matinais da duquesa de Cambridge. Com uma insistência doentia numa notícia irrelevante, os “órgãos da comunicação social” e a inteligência bovina que demonstram, pastaram nas verdes pradarias da realeza. A CNN chegou a fazer uma reportagem sobre os “custos de ter um bebé”, pondo um preço em dólares na maternidade e na paternidade. Ou na propagação da espécie. Como se este preço fosse o mesmo no caso de um membro da família real ou de uma família do Bangladesh. O problema é justamente este. A família miserável do Bangladesh, a família assassinada da Síria, a família decepada no México, não têm interesse para os noticiários do novo realismo social. Não são celebridades.
Um bebé real é um bónus nas cadeias de informação à míngua de jornalismo, e umbebé real tanto pode ser o bebé Beckam como o bebé Cambridge, não interessa. O que interessa é a celebridade dos pais.
Kate Middleton vê-se já como se viu Lady Di, o sujeito e o objeto de uma atenção doentia. As hipóteses de a atenção acabar em tragédia aumentam.
A enfermeira que atendeu o telefonema dos brincalhões, suicidou-se. Nada sabemos do que se passou no hospital antes deste suicídio, e o hospital, sendo um hospital de milionários e da realeza, sacudiu a água do capote, chegando a dizer que “tinha apoiado” a enfermeira, dias depois de ter dito que iria revolucionar a segurança dentro do hospital, controlar o atendimento telefónico e impedir erros semelhantes.
É de esperar que a enfermeira não deva ter-se sentido muito apoiada depois do seu equívoco. Para a reputação do hospital, foi um erro imperdoável. É duvidoso que a enfermeira, ao divulgar dados da doente, não tenha sido admoestada ou até ameaçada de despedimento. Mesmo assim, todos concordamos que nada disto é causa de suicídio para uma mãe de família com marido e filhos, amigos, socialmente integrada. Se fosse despedida seria readmitida noutro lugar. Se não fosse, a vida continuaria como dantes. Avisada. Tratando doentes menos reais. A identidade da enfermeira não foi divulgada na altura (só depois da morte), a duquesa não tinha uma doença grave, nenhum segredo de Estado ou traição à pátria estavam em causa, não havia crime ou negligência. Apenas inocência.
Os autores da partida exageraram no triunfo após terem enganado o hospital mas isso não faz deles assassinos ou psicopatas. São também vítimas. Vítimas da raiva e do ódio do mundo indignado, das torrentes de insultos nas redes sociais, das ameaças de morte. Ficaram sem emprego. Numa entrevista à televisão australiana, disseram lacrimejando o que qualquer pessoa sensata sabe, que nunca lhes passou pela cabeça que aquilo fosse mais do que uma brincadeira idiota.
Nestas coisas, o povinho é impiedosamente moralista e a multidão anónima adora encontrar bodes expiatórios onde possa aliviar a culpa. Qual culpa? A do voyeurismo. Porque sem o voyeurismo que alimenta as massas e a sua superpop culture, sem o voyeurismo da intriga e da devassa da intimidade, nada disto teria acontecido.
Culpar dois inocentes de uma morte com a qual só indiretamente têm a ver, por mais estúpida ou odiosa que seja a partida, é o princípio do linchamento. A contemporaneidade que consome notícias e sentimentos não resiste a um linchamento, com a mórbida cumplicidade dos jornais e televisões. É triste que o jornalismo tenha chegado a isto. E esqueça e oculte verdadeiros crimes contra a humanidade.
A enfermeira suicidou-se por uma razão menor, uma inversão de valores que preside ao moralismo empacotado.
Devia ter resistido e devia ter pensado que deixava órfãos.
Uma pessoa estável e razoável, com uma família sólida e uma vida útil, não deve matar-se por causa disto.
Um hospital não pode vir dizer que “apoiou” uma pessoa que se matou.
Os australianos, na sua idiotice, são os últimos a quem se podem pedir razões que existem dentro do suicida.
Os australianos são causalidade remota. São também os mais fáceis culpados.
Tudo, hoje, tem de ser fácil. A internet e o seu fluxo de informação exultam com a irracionalidade, a desumanização e a negação da lógica. Criam e ampliam o drama que nunca devia ter existido.
Como disse Antonin Artaud de Van Gogh, a enfermeira foi uma “suicidada da sociedade”.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Bom fim de semana

Tom Jobim: Garota de Ipanema (com Vinicius de Moraes) 


Fico assim sem você - Adriana Calcanhoto 


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Por dinheiro...vende-se a alma...

Há 2 dias atrás transmitiu a TVI uma reportagem sobre mais uma GRANDE falcatrua com as escolas públicas e privadas do ensino básico e onde quem paga a GRANDE FACTURA somos nós todos.
É, é o nosso dinheirinho que agora falta e falta por andar por aí mal aplicado... mas o que mais doi, é que são negocios onde tanto estão elementos do PSD como do PS. Todos, todos de mãos dadas... VERGONHOSO!
Deixo aqui para quem não viu, uma reportagem de Daniel Oliveira do jornal Expresso que hoje escreveu sobre o tema.
Colégios privados GPS: uma história exemplar 
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)  Quarta feira, 5 de dezembro de 2012
A história que aqui vos conto, e que muitos dos leitores terão tido a oportunidade de ver na reportagem da TVI (http://www.tvi.iol.pt/videos/13754874), «Dinheiros públicos, vícios privados» , na passada 2ª. Feira, é a de um grupo privado que nasceu à sombra da influência do poder político. E que, na área da educação, cresceu à custa de contratos de associação que desviam alunos das escolas públicas para colégios privados. Sem que tal seja necessário ou corresponda a qualquer benefício para os cidadãos.
Nas escolas públicas Raul Proença e Rafael Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha, há lugares vagos. Mas construíram-se dois colégios privados, do influente grupo GPS: Frei Cristóvão e Rainha Dona Leonor. Concorrência? Nem por isso. Os colégios recebem alunos que são integralmente pagos pelo Estado. Porque as escolas públicas do concelho estão sobrelotadas? Não. Porque não têm condições? Pelo contrário. As públicas pedem mais turmas e isso é-lhes recusado. As privadas crescem e recebem, por decisão da DREL, muito mais turmas do que as escolas do Estado. Os alunos são desviados do público para o privado. E o Estado paga.
Nos últimos cinco anos a escola pública, nas Caldas da Rainha, perdeu 519 alunos. Os colégios com contratos de associação (financiados pelos dinheiros públicos) ganharam 514. Não por escolha dos pais, mas por escolha do Ministério da Educação. A Bordalo Pinheiro, que tem condições invejáveis, resultado de um investimento de 10 milhões de euros, poderia ter 45 turmas. Tem 39. Os alunos em falta vão para escolas privadas, pagos por nós, com piores condições.
Enquanto nas escolas públicas vizinhas há professores com horário zero, os professores dos colégios do grupo GPS são intimidados para assinar declarações que os obrigam a cargas horárias ilegais. Dão aulas a 300 ou 400 alunos. Há professores com todos os alunos do segundo ciclo na sua disciplina. Tudo com o devido conhecimento da Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP).
Para além das aulas, há, casos de professores a servirem almoços e cafés, a pintarem as instalações, a fazerem limpezas, arrumações e trabalho de secretaria e contabilidade. Isto nas várias escolas do grupo GPS, espalhadas pelo País. As inspecções do ministério a estas escolas, testemunha um professor, têm aviso prévio. Isto, enquanto, só no concelho das Caldas da Rainha, 140 professores das escolas do Estado chegaram a estar sem horário por falta de alunos.
As condições das escolas do grupo privado pago quase integralmente com dinheiros do Estado deixam muito a desejar. Portas de emergência fechadas a cadeado, falta permanente de material indispensável, cursos financiados PRODEP sem as instalações para o efeito e aulas a temperaturas negativas.
Falta de dinheiro? Não parece. Manuel António Madama, director da Escola de São Mamede, também do grupo GPS, é proprietário de uma invejável frota de 80 carros. Só este ano, o grupo GPS recebeu do Estado 25 milhões de euros. Cada turma das várias escolas do grupo recebe do Estado 85 mil euros. Dos 3 milhões de euros vindos dos cofres públicos para, por exemplo, a escola de Santo André, só 1,3 milhão é que foram para pagar professores. Aquando das manifestações contra a redução dos contratos de associação, decidida por José Sócrates e que Nuno Crato anulou (enquanto fazia cortes brutais na escola pública), a presidente da Associação de Pais quis saber para onde ia o dinheiro que sobrava. Ficou na ignorância.
A pressão para dar negativa a alunos que poderiam ter positiva mas, não sendo excelentes, poderiam baixar a média nos exames que contam para o ranking, são enormes. Até ao despedimento de professores e à alteração administrativa das notas. Os maus alunos, mesmo em escolas privadas pagas com dinheiros públicos, são para ir para as escolas do Estado. No agrupamento de Escolas Raul Proença há cem alunos com necessidades educativas especiais. No colégio vizinho da GPS, o Dona Leonor, com contrato de associação, quantos alunos destes, pagos pelo Estado, existem? Nenhum. ranking.
Como se explica o absurdo de duplicar custos quando as escolas do Estado chegam e sobram para os alunos disponíveis? De ter escolas do Estado em excelentes condições, onde foi feito um enorme investimento, semivazias e com professores com horário zero, enquanto nestas escolas privadas se amontoam alunos pagos pelos contribuintes, sem condições e com os professores a serem explorados? A TVI contou, numa inatacável reportagem de Ana Leal, documentada até ao último pormenor e com inúmeros testemunhos, a razão deste mistério.
A GPS é um poderoso grupo. 26 Escolas de norte a sul do País, invariavelmente ao lado de escolas públicas e com contratos de associação com o Estado. Em 10 anos criou mais de 50 empresas em várias áreas, do turismo às telecomunicações, do ensino ao imobiliário. António Calvete, presidente do grupo GPS, foi deputado do PS no tempo de Guterres e membro da Comissão parlamentar de Educação. Para o acompanhar nesta aventura empresarial chamou antigos ministros, deputados, directores regionais de educação. Do PS e do PSD: Domingos Fernandes, secretário de Estado da Administração Educativa de António Guterres, Paulo Pereira Coelho, secretário de Estado da Administração Interna de Santana Lopes e secretário de Estado da Administração Local de Durão Barroso, José Junqueiro, deputado do PS. Todos foram consultores do grupo GPS.
Mas entre os políticos recrutados pela GPS estão as duas principais figuras desta história: José Manuel Canavarro, secretário de Estado da Administração Educativa de Santana Lopes, e José Almeida, director Regional de Educação de Lisboa do mesmo governo. Foram eles que, em 2005, assinaram o despacho que licenciava a construção de quatro escolas do grupo GPS com contratos de associação para receberem alunos do Estado com financiamento público. Ainda não tinham instalações e já tinham garantido o financiamento público dos contratos de associação. Ou seja, havia contratos de associação com escolas que ainda não tinham existência legal. Um despacho assinado por um governo de gestão, a cinco dias das eleições que ditariam o fim político de Santana Lopes. Depois de saírem dos cargos públicos foram trabalhar, como consultores, para a GPS. E nem um despacho do novo secretário de Estado, Walter Lemos, a propor a não celebração de contratos de associação com aquelas escolas conseguiu travar o processo.
Alguns estudos recentes falam dos custos por aluno para o Estado das escolas públicas e privadas. Esta reportagem explica muitas coisas que os números escondem. Como se subaproveita as capacidades da rede escolar do Estado e se seleccionam estudantes, aumentando assim os custos por aluno, para desviar dinheiro do Estado para negócios privados. E como esses negócios se fazem. Quem ganha com eles e quem os ajuda a fazer. Como se desperdiça dinheiro público e se mexem influências.
A reportagem da TVI não poderia ter sido mais oportuna. Quando vier de novo a lengalenga da "liberdade de escolha", das vantagens das parcerias com os privados, dos co-pagamentos, da insustentabilidade de continuar a garantir a Escola Pública, do parque escolar público ser de luxo... vale a pena rever este trabalho jornalístico. Está lá tudo. O resumo de um poder político que serve os interesses privados e depois nos vende a indispensável "refundação do Estado".

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Magnifico!!!!

Para quem partilhar da minha opinião, em que há determinadas pessoas que se movem, falam, vestem, penteiam, calçam e por aí fora, todas, da mesma forma, da mesma maneira, todas IGUAIS, como que programadas e que, todas elas estudam ou estudaram nas mesmas instituições, consideradas de e para elite, pelos preços que se lá praticam... é que, entendamos, há que manter a distancia desde logo, afinal "cada macaco no seu galho"... Então para essas pessoas que partilham a minha opinião, leiam este texto de Francisco Seixas da Costa, nosso quase ex-embaixador em França, de quem já aqui tenho escrito uma ou outra vez. O diálogo é MAGNIFICO!

LÍDIA JORGE - assalto "MENSAGEM A MEIO DA NOITE"

Lídia Jorge nasceu em Boliqueime, Loulé, Algarve. Foi professora. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social e integra o Conselho Geral da Universidade do Algarve. Começou a publicar livros na decada de 80. Mas foi com o livro "A costa dos murmúrios" em 1988, livro que reflecte a experiência colonial que passou em África, em Angola e Moçambique, durante o último período da "guerra colonial" que, a autora, confirmou o seu destacado lugar no panorama das Letras portuguesas. Em 2004, esta obra, foi adaptada ao cinema.

Maravilhoso texto!
A propósito do assalto que lhe fizeram a casa, a escritora Lídia Jorge escreveu, para o blog "Casal das Letras", o texto que abaixo se reproduz.
escritora-lidia-jorge
Uma "mensagem a meio da noite"
Queridos amigos, tanto que eu queria não vos desiludir, cumprindo a tempo e horas o que vos prometi com solenidade, mas infelizmente irei continuar em falta, e desta vez a culpa traz dupla assinatura pois não é só minha, ainda que não conheça a quem imputá-la. Confuso? Compreenderão se vos disser que ao regressar a Lisboa encontrei a casa assaltada.

Sim, meus amigos, a porta estava entreaberta, como se um estranho outro dono nos esperasse, e a fechadura não havia sido violada. Como explicar? Uma pessoa entra pela casa adiante, com a consciência perfeita do momento, o domínio sobre os maxilares, perfeito, e os músculos dos joelhos, intactos. O coração nem bate um pouco mais, prossegue o seu caminho, tiquetaque, tiquetaque, relógio orgânico habituado a muita coisa, e aí vai ele, inalterado. O coração fala consigo mesmo — Ficou o computador? Ficou. Ficaram as fotografias? Ficaram. Ficou o frigorífico velho? Sim. O passa-discos, também ficou? Que bom. E também ficou o televisor. E ficou o coelhinho de chocolate que me inspirou um conto, há dois anos. E a caneta de rosca, e as rosas de sarapilheira, e o caderno encarnado.

Então uma pessoa olha para o caos instalado, a dança dos objectos que andaram de um lado para outro, cruzando-se no espaço, e sente uma espécie de anestesia. Não dá para pensar, só dá para ver. Pois no rebuliço, os pechisbeques voaram para cima da cama, os recibos das finanças foram parar nos portais, as cartas dos amigos ficaram debaixo dos óculos velhos, alguns deles saíram das caixas, e na confusão, de repente, a pessoa descobre que os aros estavam mais do que ultrapassados. Há quanto tempo estariam os óculos guardados no fundo da gaveta agora vazia? Aliás, todas as gavetas estão completamente vazias, e o chão está completamente juncado. Onde colocar os pés? O que estará debaixo do monte das informações bancárias, umas vinte, que parecem ter-se multiplicado por mil? E as moedas canadianas, e os reais desprezados? Que curioso é o bater do nosso coração. Tiquetaque, tiquetaque, sem alteração alguma.

Pois por que não? Há revelações estranhas nesta desarrumação dos objectos. Umas velas que não apareciam há vinte anos ocupam lugar preponderante por cima de cintos e meias. Cuecas velhas que uma pessoa guardou só porque tinham uma ponta de renda, estão largadas sobre o busto esverdeado do Bach. Uma almofada em forma de lagarta cobre uma caixa de vidro de onde terá saído alguma coisa que foi parar dentro de sapatos. Cartas, tesouras, sapatos. E de repente, a vida vem ao nosso encontro e fala do tempo que passa, e da irrelevância dos objectos guardados, como se eles apenas servissem para nos dar recados de que não há recados. Mas neste ponto, meus amigos, eu faço uma pausa.

Pois será que não haverá mesmo recados? Então o que sentirá uma pessoa que se infiltra na casa dos outros para procurar o que não lhe pertence? Será um método de vida? Uma táctica de dever? Um exercício de frieza? Um exercício de perversidade? Um dia, o Baptista-Bastos, na boa tradição romântica, chamou ao ladrão de “Senhor Ladrão”, e deu-lhe uns conselhos calmos. Pois também eu, ao regressar a casa e ao sentir que o ladrão deixou aqueles objectos que verdadeiramente mais amo no seu exacto lugar, fui assaltada por um sentimento semelhante, uma gratidão inexplicável por esse ladrão que só queria ouro e dinheiro, precisamente o que as pessoas da minha igualha não têm mais em casa, porque não têm em lugar nenhum.

E como uma romântica, que a seu tempo leu Os Miseráveis, comecei a pensar no Estado.

Inveterada, imaginei que não foi pessoa quem me assaltou a casa. Imaginei que foi o Estado quem veio pela calada da noite, meteu a chave falsa, rodou-a, silenciosa, o Estado empurrou a porta, o Estado pensou que havia uma fortuna nos lugares onde os cidadãos comuns costumam esconder as fortunas, o Estado enervou-se por só encontrar clips, cotão, recortes de jornais, murraça, e foi-se enfurecendo, foi atirando para o chão tudo o que encontrava na frente, na esperança de que a fortuna do cidadão de súbito saltasse do interior das páginas de um livro. Que ironia. O Estado a procurar ouro e divisas dentro das páginas de um livro. Que ridículo. O Estado cansou-se. O Estado ainda pensou derrubar o candeeiro, mas depois sentiu que havia visitado um cidadão insignificante, e achou que apenas perdera o seu tempo. O Estado sabe o que faz. O Estado abalou a procurar a sua sorte numa casa mais rica. Não falo só no meu Estado, falo também do Estado do visitante.

Quando cheguei a este ponto, de súbito o tiquetaque desorganizou-se, os joelhos deram de si, e felizmente que havia um Magnum Clássico no congelador. Ele permitiu, meus amigos, que eu abrisse este computador e vos explicasse por que razão, se acaso não me dispensarem, em face do exposto, de escrever um artigo para o vosso site, irei precisar de um tempo liberto desta presença dúbia que ainda permanece no interior da minha casa. De quem eu tenho pena, se for gente, por quem eu sinto raiva, se for Estado.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Voltam os velhos costumes?

"... Com o objectivo de aumentar os Níveis de Segurança das nossas Instalações, quer ao nível dos
Utilizadores quer ao nível dos nossos Bens e Bens à Guarda, vimos por este meio comunicar que, à
semelhança do que já acontece actualmente em outras Instalações do Grupo, os Vigilantes da
Empresa de Segurança irão solicitar aleatoriamente às Viaturas e/ou Utilizadores, à
saída do empreendimento na Portaria, que lhes permitam vistoriar voluntariamente os interiores
das Viaturas (Ex: Bagageiras) e dos “Sacos / Mochilas” pessoais de que se façam acompanhar.
Com a implementação deste processo, estamos seguros de que conseguiremos alcançar um maior
Nível de Segurança para as nossas Instalações e para os Utilizadores do Empreendimento."

O texto acima pertence a uma circular de procedimentos e segurança, enviada a todos, na empresa onde já trabalho há vários anos.
E por diversas razões, recebi-o mal!
Lembro-me bem das "apalpadeiras", mulheres que trabalhavam em fábricas, cujo seu trabalho, era apalpar outras mulheres que trabalhavam com diversos produtos, para verificarem se levavam consigo alguns desses produtos, furtados já se vê. Não que alguma vez tenha trabalhado em empresas onde existissem essas mulheres, mas sempre ouvi falar sobre elas. 
Pessoas que se prestam a esses serviços, não me merecem qualquer consideração.
Trabalho nesta empresa há muitos anos e sempre tive cargos de responsabilidade e com alguma confidencialidade. A empresa possui inúmeras câmaras de vigilância espalhadas por todos os locais, tanto no interior como no exterior dos edificios. Há vigilância 24H00 por dia, bem como funciona igualmente a empresa, 24 sobre 24 horas. Não se conhecem muitos casos de roubos. E eu não aceito que me remexam nem no meu carro nem nas minhas coisas!
Se efectivamente a escolha é aleatória, posso até ter a sorte de nunca me vistoriarem as minhas coisas mas não me sujeito a acasos.
Pior é perceber que ninguém percebe a minha indignação.
Pior é perceber que ninguém, além de mim, sente a humilhação.
E tantos piores, tantos piores que, depois de muito matutar, encontrei a solução para o meu pesar.
O meu carro passou a ficar do lado de fora dos portões da empresa e eu, faço questão, de pouco ou nada trazer na mão para não terem a tentação de me vistoriarem. É que assim, evito indignar-me e consequentemente enervar-me e assim, poupo a minha saúde. Além de que, como o caminho é todo a subir e mesmo com alguma inclinação acentuada, e como andar faz bem á saúde, acabei por encontrar um bom exercício fisico. É, tenho mesmo de agradecer a opurtunidade que me deram de fazer um bom exercício físico logo pela manhã. Afinal, bem vistas as coisas, só estão mesmo é a vigiar e zelar pelo meu bem estar físico.
Um Abraço!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Espreitem, espreitem que vale a pena :)

Enviou-mo uma amiga e acreditem vale a pena, bem dispõe!
Afinal, estamos todos a precisar de rir um pouco!

MUITO BEM APANHADO!
http://sorisomail.com/email/298395/srprimeiro-ministro-termine-as-minhas-frases-nilton.html

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

É mesmo...


"Dá que pensar"
por Miguel Esteves Cardoso
«Na Europa, cada manifestação "do orgulho Gay" contou, em média, com 100.000 pessoas. Cada manifestação Contra a Corrupção teve, em média, cerca de 2.500 pessoas! Estatisticamente, fica provado que há mais gente a lutar pelo direito de levar no rabo, do que lutar para não ser enrabado.»

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

OBRIGADA!

A minha familia um Muito Obrigada!



For four years















Congratulations Mr. President...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Um reboliço... Uma magia...

A chegada de um bebe, muda tudo nas nossas vidas. Poderei até afirmar que, a chegada de um filho, é… uma coisa mágica! E de tão mágica que é traz consigo uma serie de mudanças, tanto para os pais como para a família mais chegada e próxima, lógico que me refiro a avós, tios, padrinhos…  
Muda a vida dos pais, porque tudo gira a volta da chegada dessa criaturinha que, antes de chegar e, de tão desejada ser, já é muito amada e assim, há a necessidade de tudo mudar, para tudo preparar, para a sua chegada. Ocupa desde logo, todos os pensamentos dos pais, pois há que resolver onde se vai instalar o espaço do bebe:
- Onde vai ser?
- Claro, só pode, não se está em tempos de procurar novo lar, então há que efectuar uma remodelação do lar…
- Pronto, acaba-se com o escritório, afinal, já nem faz assim tanta falta…
Tudo vai mudando e, os pais, já não têm os mesmos interesses de antes… As prioridades… estão agora no pequeno ser que ainda não chegou mas já tudo alterou… Afinal, sem se darem conta, já esse pequenino ser está a comandar, a por e dispor, a seu belo prazer!
Mas não muda só a vida dos pais, muda igualmente a dos avós, onde me incluo. Desde que minha pequena princesa chegou a sua primeira morada, o útero materno, que passei a ter outras prioridades também, é que há que efectuar tanta coisa: botinhas, casaquinhos, lençoizinhos, mantinhas… Não há como negar, a vinda dessa princesa, causa o maior reboliço na vida de todos os que a vão muito amar, aliás, já muito a amam! Mas há muita magia no ar!

sábado, 27 de outubro de 2012

33

Pois é, um a um, um a um... e já faz 33!
Há 33 anos, era igualmente sábado mas, com uma grande diferença, é que chovia tanto, tanto...
Dizem que "Boda molhada é boda abençoada", a ter em conta a quantidade de chuva... FELICIDADE é coisa que me assistirá SEMPRE  ahahahahah....
Hoje, tal como sempre, foi um dia bem passado! Agora já não corro, já é tudo mais calmo, mas nem por isso é menos bom. A tal Felicidade, está em saber aproveitar todas as coisas Boas desta vida! Está também em sabermos envelhecer. Não trocava a idade que tenho por nenhuma que já tive! Pena é que se viva tão pouco...
Um Abraço!

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Recuar no tempo... cenas da minha filha...

Minha filha mandou-me hoje, para ler, a rubrica "OPINIÂO" de Pedro Santos Guerreiro, director do jornal de negócios, na revista "Sábado". Falava sobre o restaurante "SOLAR BRAGANÇANO" e seus proprietarios e fundadores. Cenas dela, certamente...
Mas fez-me recuar no tempo.
Há alguns anos atrás, ainda os meus filhos eram adolescentes, fomos passear a Norte de Portugal. 
Chegamos a Bragança, cidade do meu afecto. Afecto que nem sei muito bem explicar. O certo é que gosto daquela cidade, da comida, das gentes... ano para mim, não passa, sem ir a Bragança, nem que seja para comer uma "posta mirandesa" no restaurante do Abel, quem não conhece o Abel? Não há quem!
Mas nesse ano, não fomos direitos ao Abel, não. Nesse ano, fomos jantar, ao Solar Bragançano.
O Solar Bragançano, fica muito bem instalado no centro da Cidade de Bragança, que é a capital de Trás-os-Montes. É uma casa "senhorial" e está muito bem decorada a preceito e a condizer. 
Confesso que não estavamos preparados para um restaurante assim, não sendo um restaurante luxuoso, é um restaurante fino na sua simplicidade, elegante e acolhedor. Os seus proprietários, a D. Ana Maria que é a "alma" da cozinha e o Sr. Desidério Rodrigues que serve a mesa, são magnificos na sua educação, gentileza e postura. Foi, de facto, um Optimo jantar e a comida estava belissima.
Que ideia a minha ter-me lembrado disto... cenas da minha filha...
Um Abraço

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Incompetencia

A Inocência.  Duras palavras de MIGUEL SOUSA TAVARES

No Expresso de hoje, um longo texto, violentíssimo, de Miguel Sousa Tavares.

Há alguns incompetentes, mas poucos inocentes

O que poderemos nós pensar quando, depois de tantos anos a exigir o fim das SCUT, descobrimos que, afinal, o fim das auto-estradas sem portagens ainda iria conseguir sair mais caro ao Estado?
Como caixa de ressonância daqueles que de quem é porta-voz (tendo há muito deixado de ter voz própria), o presidente da Comissão Europeia, o português Durão Barroso, veio alinhar-se com os conselhos da troika sobre Portugal: não há outro caminho que não o de seguir a ?solução? da austeridade e acelerar as ?reformas estruturais? ? descer os custos salariais, liberalizar mais ainda os despedimentos e diminuir o alcance do subsídio de desemprego. Que o trio formado pelo careca, o etíope e o alemão ignorem que em Portugal se está a oferecer 650 euros de ordenado a um engenheiro electrotécnico falando três línguas estrangeiras ou 580 euros a um dentista em horário completo é mais ou menos compreensível para quem os portugueses são uma abstracção matemática. Mas que um português, colocado nos altos círculos europeus e instalado nos seus hábitos, também ache que um dos nossos problemas principais são os ordenados elevados, já não é admissível. Lembremo-nos disto quando ele por aí vier candidatar-se a Presidente da República.

Durão Barroso é uma espécie de cata-vento da impotência e incompetência dos dirigentes europeus. Todas as semanas ele cheira o vento e vira-se para o lado de onde ele sopra: se os srs. Monti, Draghi, Van Rompuy se mostram vagamente preocupados com o crescimento e o emprego, lá, no alto do edifício europeu, o cata-vento aponta a direcção; se, porém, na semana seguinte, os mesmos senhores mais a srª Merkel repetem que não há vida sem austeridade, recessão e desemprego, o cata-vento vira 180 graus e passa a indicar a direcção oposta. Quando um dia se fizer a triste história destes anos de suicídio europeu, haveremos de perguntar como é que a Europa foi governada e destruída por um clube fechado de irresponsáveis, sem uma direcção, uma ideia, um projecto lógico. Como é que se começou por brincar ao directório castigador para com a Grécia para acabar a fazer implodir tudo em volta. Como é que se conseguiu levar a Lei de Murphy até ao absoluto, fazendo com que tudo o que podia correr mal tivesse corrido mal: o contágio do subprime americano na banca europeia, que era afirmadamente inviável e que estoirou com a Islândia e a Irlanda e colocou a Inglaterra de joelhos; a falência final da Grécia, submetida a um castigo tão exemplar e tão inteligente que só lhe restou a alternativa de negociar com as máfias russas e as Three Gorges chinesas; como é que a tão longamente prevista explosão da bolha imobiliária espanhola acabou por rebentar na cara dos que juravam que a Espanha aguentaria isso e muito mais; como é que as agências de notação, os mercados e a Goldman Sachs puderam livremente atacar a dívida soberana de todos os Estados europeus, excepto a Alemanha, numa estratégia concertada de cerco ao euro, que finalmente tornou toda a Europa insolvente. Ou como é que um pequeno país, como Portugal, experimentou uma receita jamais vista ? a de tentar salvar as finanças públicas através da ruína da economia ? e que, oh, espanto, produziu o resultado mais provável: arruinou uma coisa e outra. E como é que, no final de tudo isto, as periferias implodiram e só o centro ? isto é, a Alemanha e seus satélites ? se viu coberto de mercadorias que os seus parceiros europeus não tinham como comprar e atulhado em triliões de euros depositados pelos pobres e desesperados e que lhes puderam servir para comprar tudo, desde as ilhas gregas à água que os portugueses bebiam.

Deixemos os grandes senhores da Europa entregues à sua irrecuperável estupidez e detenhamo-nos sobre o nosso pequeno e infeliz exemplo, que nos serve para perceber que nada aconteceu por acaso, mas sim porque umas vezes a incompetência foi demasiada e outras a inocência foi de menos.

O que podemos nós pensar quando o ex-ministro Teixeira dos Santos ainda consegue jurar que havia um risco sistémico de contágio se não se nacionalizasse aquele covil de bandidos do BPN? Será que todo o restante sistema bancário também assentava na fraude, na evasão fiscal, nos negócios inconfessáveis para amigos, nos bancos-fantasmas em Cabo Verde para esconder dinheiro e toda a restante série de traficâncias que de há muito ? de há muito! ? se sabia existirem no BPN? E como, com que fundamento, com que ciência, pode continuar a sustentar que a alternativa de encerrar, pura e simplesmente, aquele vão de escada ?faria recuar a economia 4%?? Ou que era previsível que a conta da nacionalização para os contribuintes não fosse além dos 700 milhões de euros?

O que poderemos nós pensar quando descobrimos que à despesa declarada e à dívida ocultada pelo dr. Jardim ainda há a somar as facturas escondidas debaixo do tapete, emitidas pelos empreiteiros amigos da ?autonomia? e a quem ele prometia conseguir pagar, assim que os ventos de Lisboa lhe soprassem mais favoravelmente?

O que poderemos nós pensar quando, depois de tantos anos a exigir o fim das SCUT, descobrimos que, afinal, o fim das auto-estradas sem portagens ainda iria conseguir sair mais caro ao Estado? Como poderíamos adivinhar que havia uns contratos secretos, escondidos do Tribunal de Contas, em que o Estado garantia aos concessionários das PPP que ganhariam sempre X sem portagens e X+Y com portagens? Mas como poderíamos adivinhá-lo se nos dizem sempre que o Estado tem de recorrer aos serviços de escritórios privados de advocacia (sempre os mesmos), porque, entre os milhares de juristas dos quadros públicos, não há uma meia dúzia que consiga redigir um contrato em que o Estado não seja sempre comido por parvo?

A troika quer reformas estruturais? Ora, imponha ao Governo que faça uma lei retroactiva ? sim, retroactiva ? que declare a nulidade e renegociação de todos os contratos celebrados pelo Estado com privados em que seja manifesto e reconhecido pelo Tribunal de Contas que só o Estado assumiu riscos, encaixou prejuízos sem correspondência com o negócio e fez figura de anjinho. A Constituição não deixa? Ok, estabeleça-se um imposto extraordinário de 99,9% sobre os lucros excessivos dos contratos de PPP ou outros celebrados com o Estado. Eu conheço vários.

Quer outra reforma, não sei se estrutural ou conjuntural, mas, pelo menos, moral? Obrigue os bancos a aplicarem todo o dinheiro que vão buscar ao BCE a 1% de juros no financiamento da economia e das empresas viáveis e não em autocapitalização, para taparem os buracos dos negócios de favor e de influência que andaram a financiar aos grupos amigos.

Mais uma? Escrevam uma lei que estabeleça que todas as empresas de construção civil, que estão paradas por falta de obras e a despedir às dezenas de milhares, se possam dedicar à recuperação e remodelação do património urbano, público ou privado, pagando 0% de IRC nessas obras. Bruxelas não deixa? Deixa a Holanda ter um IRC que atrai para lá a sede das nossas empresas do PSI-20, mas não nos deixa baixar parte dos impostos às nossas empresas, numa situação de emergência? OK, Bruxelas que mande então fechar as empresas e despedir os trabalhadores. Cumpra-se a lei!

Outra? Proíbam as privatizações feitas segundo o modelo em moda, que consiste em privatizar a parte das empresas que dá lucro e deixar as ?imparidades? a cargo do Estado: quem quiser comprar leva tudo ou não leva nada. E, já agora, que a operação financeira seja obrigatoriamente conduzida pela Caixa Geral de Depósitos (não é para isso que temos um banco público, por enquanto?). O quê, a Caixa não tem vocação ou aptidão para isso? Não me digam! Então, os administradores são pagos como privados, fazem negócios com os grandes grupos privados, até compram acções dos bancos privados e não são capazes de fazer o que os privados fazem? E, quanto à engenharia jurídica, atenta a reiterada falta de vocação e de aptidão dos serviços contratados em outsourcing para defenderem os interesses do cliente Estado, a troika que nos mande uma equipa de juristas para ensinar como se faz.

Tenho muitas mais ideias, algumas tão ingénuas como estas, mas nenhumas tão prejudiciais como aquelas com que nos têm governado. A próxima vez que o careca, o etíope e o alemão cá vierem, estou disponível para tomar um cafezinho com eles no Ritz. Pago eu, porque não tenho dinheiro para os juros que eles cobram se lhes ficar a dever.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

5 Outubro 2012

Mais um feriado, o 5 de Outubro, dia da Independencia, em 1143, e da Implantação da Republica, em 1910. É o chamado 2 em 1. 
E este ano e, por um período de 5 anos, em consequência da crise económica que o país está a sofrer, foi o último feriado. Durante, pelo menos, os próximos 5 anos, não será feriado. Acho Indigno!
Do mesmo modo que Adorei, o discurso de António Costa, na cerimonia de comemoração, este ano, que decorreu, contrariamente ao que é hábito, no Páteo da Galé. O seu discurso foi marcado por criticas ás medidas de austeridade do Governo, fazendo referencia a existencia de alternativas mais eficazes, porque tem de haver! Homem de coragem! Espero vê-lo como Secretário Geral do PS!

Errado, mas tão errado

Ando, há já algum tempo, para aqui vir expressar a minha, como direi... opinião ou maneira de ser ou ver, talvez, sobre tudo o que os outros têm e eu não, mais ou menos isto. Acontece que o meu tempo que me parece não ser igual ao das outras pessoas, certamente mais um defeito meu, não dá para fazer tudo o que eu queria. Não sei como faço, roubo imensas horas ao descanso nocturno e mesmo assim, quando já tarde me deito, deixei imensas coisas por fazer e, o que mais me aborrece, é que acabam sempre por ser aquelas que me dão mais prazer mas que não são essenciais para o bem estar de todos os que me rodeiam... do mal o menos, certamente.
Ora bem, não compartilho, não me identifico, não estou de acordo..., com o que, actualmente, parece que todos: pessoas e imprensa estão de acordo, isto é: se A tem e nós não temos, então que A deixe de ter. Errado, mais errado não seria possível, passo a dar exemplos:
Há algum tempo atrás, todos estavam indignados porque parece que os trabalhadores do Banco de Portugal, tinham certas regalias, que a grande maioria não tem. Levantaram-se todos contra esses trabalhadores e suas regalias. O que é isto? Errado! Cortar as regalias a quem as tem? Novamente errado! Nada disso, o que temos de fazer é tentar obtê-las para nós também! O que se ganha em não deixar os outros terem o que nós não temos? Não entendo!
Outro exemplo: Os vencimentos dos trabalhadores da RTP, são elevados, acha a maioria das pessoas...  Talvez! mas que fazer? diminuir-lhes o vencimento? privatizar a RTP? De novo errado! A proposito de ter lido isto, atrevo-me a alvitrar se: não será inveja? E  a inveja é um sentimento tão feio, mas tão feio. O pior é que todos nós, uma ou outra vez, já sentimos, nem que seja por alguns momentos, inveja de algo ou de alguém. Existe um ditado Popular que diz qualquer coisa como: Nunca o invejoso medrou nem quem perto dele morou. Deus nos livre de um á nossa porta!
Fala-se agora muito, das enormes reformas que algumas pessoas recebem, mas pergunto, não fizeram essas pessoas, descontos para esse fim? Se é extremamente injusto, não pagarem aos funcionarios publicos e aos reformados, os subsidios de férias e de natal, também o é, baixarem as reformas elevadas a quem, durante anos, fez os descontos necessários para obterem, mais tarde, essas reformas. Era muito bom que se utilizasse o BOM SENSO! Vivemos uma época de GRANDES INJUSTIÇAS! Parece que já não bastava a crise, a austeridade, o desemprego, o baixo poder de conta, os aumentos... e para cumulo a injustiça. Seria muito BOM que todos, mas todos, aproveitassemos a tão falada crise, para nos tornarmos pessoas MELHORES, mais JUSTAS e com BOM SENSO!
Um Abraço!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Estar APAIXONADO

É maravilhoso…
É sentirmo-nos a ganhar asas…

É simplesmente poder voar
Estar apaixonado…

É como se nada fosse impossível de alcançar!

É transformar…
Um simples olhar, numa eternidade
Um até amanhã…
Em eterna saudade!

É querer mais ao amado
Que a nós próprios
É chorar de infelicidade
A uma indiferença…
É rodopiar de felicidade
Com uma simples presença!

É renascer a criança que está em nós
A confiança de sermos capazes

De tudo e de nada…
É libertar a voz, abafada
O grito da liberdade

Estar apaixonada…
É sentir vaidade…
Vaidade do que somos…
Vaidade por quem amamos…

Estar apaixonado…
E sermos correspondidos!
E ganhar mais do que esperamos!
É sentirmo-nos confiantes e compreendidos!


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Brasil Portugal Agora 2012.2013


No Sábado, dia 22/09/2012, ocorreu a abertura das comemorações do ano Brasil Portugal Agora 2012.2013 (ABP).
Em 07 de Setembro iniciaram-se as comemorações do Ano de Portugal no Brasil (APB). 
Ambas se realizam em simultâneo e, começam e acabam em datas simbólicas: 7 de Setembro de 2012, aniversário da independência do Brasil e, 10 de Junho de 2013, Dia de Portugal.
O concerto de abertura foi com o Ney Matogrosso. Não sou grande apreciadora dele, mas tenho para mim que ele é um homem "espectáculo". Todo o seu empenho e toda a sua representação sensual em palco, juntamente com os poemas das suas canções, tudo é pensado em espectáculo. Gostei! Correspondeu ao que sempre nos habituou. Mesmo nesta sua nova fase, sem plumas. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Fiquei cidrada!

Há 4 dias atrás transcrevi aqui um poema/canção de Luís Gois.
Hoje soube que Luis Goes faleceu ontem, aos 79 anos, numa unidade de cuidados continuados, em Mafra, vítima de doença prolongada.
Que descanse em PAZ!













Cantiga para Quem Sonha

(Letra: Leonel Neves; Música: João Figueiredo Gomes)

Tu que tens dez réis de esperança e de amor
Grita bem alto que queres viver.
Compra pão e vinho, mas rouba uma flor:
Tudo o que é belo não é de vender.

Não vendem ondas do mar,
Nem brisa ou estrelas,
Sol ou lua cheia.
Não vendem moças de amar,
Nem certas janelas,
Em dunas de areia.

Canta, canta como uma ave ou um rio,
Dá o teu braço aos que querem sonhar.
Quem trouxer mãos livres ou um assobio,
Nem é preciso que saiba cantar.

Tu que crês num mundo maior e melhor
Grita bem alto que o céu está aqui.
Tu que vês irmãos, só irmãos, em redor
Crê que esse mundo começa por ti.

Traz uma viola, um poema,
Um passo de dança,
Um sonho maduro.
Canta glosando este tema:
Em cada criança
Há um homem puro.

Canta, canta como uma ave ou um rio,
Dá o teu braço aos que querem sonhar.
Quem trouxer mãos livres ou um assobio,
Nem é preciso que saiba cantar.

Mulher CORAGEM!

Maria Teresa Horta recusa receber prémio literário das mãos de Passos Coelho

18.09.2012 - Por PÚBLICO, Lusa

A escritora já informou a Fundação Casa de Mateus da sua decisão (Enric Vives-Rubio)
A escritora Maria Teresa Horta, distinguida com o Prémio D. Dinis pelo romance “As Luzes de Leonor”, disse esta terça-feira à Lusa que não o aceita receber das mãos do primeiro-ministro, conforme o previsto.

A entrega do Prémio D. Dinis esteve agendada para dia 28, sexta-feira da próxima semana, numa cerimónia com a presença do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

“Na realidade eu não poderia, com coerência, ficar bem comigo mesma, receber um prémio literário que me honra tanto, cujo júri é formado por poetas, os meus pares mais próximos - pois sou sobretudo uma poetisa, e que me honra imenso -, ir receber esse prémio das mãos de uma pessoa que está empenhada em destruir o nosso país”, explicou Maria Teresa Horta à Lusa.
“Sempre fui uma mulher coerente; as minhas ideias e aquilo que eu faço têm uma coerência”, salientou a escritora que acrescentou: “Sou uma mulher de esquerda, sempre fui, sempre lutei pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores”.
Para Maria Teresa Horta, “o primeiro-ministro está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril [de 1974] e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural”.
A autora afirmou que “o país está a entrar em níveis de pobreza quase idênticos aos das décadas de 1940 e 1950 e, na realidade, é ele [Passos Coelho], e o seu Governo, os grandes mentores e executores de tudo isto”.
“Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação, recuso recebê-lo das mãos do primeiro-ministro”, deixou claro Maria Teresa Horta.
A escritora disse que já informou a Fundação Casa de Mateus da sua decisão, assim como a sua editora e falou com cada um dos membros do júri.
A premiada salientou ainda a “satisfação” que lhe deu ter sido distinguida “por um júri que representa três gerações de poetas: o Vasco Graça Moura que é da minha [geração], o Nuno Júdice, que é da seguinte, e o Fernando Pinto do Amaral, que é a mais nova”.
O Prémio Literário D. Dinis, instituído pela Fundação da Casa de Mateus, foi atribuído por unanimidade à escritora, pela obra “As luzes de Leonor. A marquesa de Alorna, uma sedutora de anjos, poetas e heróis”, editado pelas Publicações D. Quixote.
Instituído em 1980 pela Fundação Casa de Mateus, em Vila Real, o galardão é atribuído a uma obra literária - de poesia, ensaio ou ficção - publicada no ano anterior ao da atribuição do prémio.

“As Luzes de Leonor”, obra editada em 2011, é um romance sobre a vida da marquesa de Alorna, Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (1750-1839), neta dos marqueses de Távora, uma mulher que se destacou na história literária e política de Portugal num período denominado como “o século das luzes”.
D.ª Leonor de Lorena e Lencastre é avó em quinto grau de Maria Teresa Horta, nascida em 1937, em Lisboa.
Maria Teresa Horta estudou na Faculdade de Letras de Lisboa, foi jornalista e activista do Movimento Feminista de Portugal, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, com quem escreveu o livro “Novas Cartas Portuguesas”.
“Amor Habitado” (1963), “Ana” (1974) e “O Destino” (1997) contam-se entre mais de duas dezenas de obras publicadas da escritora.

Agora um pouco de humor que demonstra bem o quanto o nosso Povo é ESPECTACULAR