sábado, 30 de janeiro de 2021

Carlos Antunes

Morreu Carlos Antunes, marido da Dra. Isabel do Carmo, vítima de Covid-19.
Carlos Antunes, foi Fundador das Brigadas Revolucionárias e militante antifascista, mas não resistiu ao novo coronavírus.


Carlos Antunes, juntamente com toda a sua família, ficou infetado com o coronavírus, na época natalícia, conforme contou a Dra. Isabel do Carmo. 
Dra. Isabel do Carmo passou 10 dias no Hospital de Santa Maria, mas recuperou, já Carlos Antunes, não teve a mesma sorte. Os médicos do Hospital de Santa Maria, tudo fizeram para o tentar salvar, mas Carlos Antunes entrou em coma e, para grande desgosto dos médicos, acabou por morrer.
Carlos Antunes começou a sentir-se mal no dia 28 de Dezembro, com sintomas de Covid-19. 
Dia 29 foi ao hospital e o teste de despistagem do Sars-CoV-2 deu positivo. Sendo uma pessoa de risco, com diabetes e historial de problemas de coração, ficou internado, mas nos últimos 15 dias o seu estado de saúde agravou-se e o desfecho aconteceu, não resistiu ao novo coronavírus.
Que descanse em Paz!

"...Aquilo a que assisti de serenidade, de eficácia, de competência, ficará para sempre marcado como um momento muito alto da minha vida..."

Abaixo o testemunho da Dra. Isabel do Carmo, médica e professora da Faculdade de Medicina de Lisboa, a propósito dos 10 dias que esteve internada com Covid no Hospital de Santa Maria. 
Contaminada no Natal, foi enviada para as urgências “ao décimo dia de febre” e só então, foi possível perceber o nível de infeção que os sintomas nem sempre denunciam.
Observem o testemunho da Dra. Isabel do Carmo, tomando-o como um alerta, e também como um agradecimento e um gesto de reconhecimento, 
Isabel do Carmo
29 de Janeiro de 2021

Eu, médica, estive internada com o diagnóstico de covid-19 durante 10 dias nas enfermarias  do Hospital de Santa Maria e penso que o meu testemunho pode servir de alerta e de um enorme reconhecimento. Alerta para o risco real e atual (rastrear e confinar é preciso). E dar graças à vida pela existência do nosso Serviço Nacional de Saúde.

Estive a trabalhar e a ver doentes até ao dia 23 de Dezembro, com todo o cuidado, e não foi por aí que o vírus entrou. 
No dia 24, juntámo-nos seis adultos e três crianças e, apesar das máscaras e das distâncias, alguma imprudência abriu por momentos a porta ao invisível. Contaminámo-nos todos e, fiados na falsa segurança do teste simples, alguns de nós multiplicaram o contágio. Os mais jovens mantiveram a sua energia transbordante, os de idade intermédia tiveram muitos sintomas, mas trataram-se em casa, os mais velhos reagiram de acordo com os fatores de risco. E foi assim que ao décimo dia de febre e outras queixas o meu colega do Centro de Saúde me ordenou, e bem, que fosse à urgência Covid. Se não tivesse ido tinha morrido e esse é o primeiro alerta a manifestar.

Claro que foi muito incómodo, muito frio, muito desaconchegado, esperar por ser chamada no pequeno telheiro improvisado no piso das entradas. Fica melhor quem está dentro das ambulâncias, que têm suporte de oxigénio e macas ou cadeiras. Esta condição de espera, este ponto de entrada, seria possível melhorar fisicamente? Talvez. Mas os doentes chegam e não podem ser mandados para trás. 

Todavia, foi por ali que me salvei. Quando finalmente dei entrada no Covidário, ganhei direito a um cadeirão, a uma máscara de oxigénio e à segurança de ter entrado no circuito. Desde esse momento fui sempre a senhora Isabel, idêntica a todos os outros e nunca, e bem, a médica da casa. Algumas horas depois entrei numa box, com WC e uma porta com grande janelão de vidro. As dimensões comparei-as com outras de outras “boxes” de há muitos anos. Idênticas, mas o janelão e o calor humano pertencem a outro universo. Fiz então uma TAC num dispositivo colocado no Covidário. E é aí o extraordinário. Nunca ao longo de tantos anos de clínica tive conhecimento de tal quadro – os meus pulmões estavam infiltrados de alto a baixo e dos dois lados com múltiplos focos de inflamação, que não deixavam o oxigénio atravessar os alvéolos e passar para o sangue, onde ele é necessário à vida. Sintomas? Poucos. Mas lá estava o oxímetro a mostrar níveis baixos. Aqui reside um grande risco. Esta “hipoxemia feliz” mata. Assim morreu o pai de uma colega minha com 50% de saturação e poucos sintomas. Foi, a partir do nada ou da experiência inicial da China, que os protocolos foram sendo estabelecidos. De madrugada saí do Covidário e fui rapidamente internada nas enfermarias Covid, Medicina 2C. Fizeram-me aquilo que está protocolado que se faça: oxigénio, corticoides, broncodilatadores, antibiótico se necessário. Para os meus companheiros de enfermaria, alguns hemodialisados, diabéticos, transplantados, cada protocolo era diferente. No mesmo piso, para além da porta de separação havia mais enfermaria Covid, havia a zona dos Intensivos e havia a zona dos Intermédios com máscara permanente de oxigénio, onde ficou o Carlos Antunes (marido) e donde partiu para sempre.

Os meus colegas não estão desesperados, nem aflitos, estão profundamente preocupados, esgotados também. Quando lançam o alarme cá para fora não é um pedido de socorro para eles. É dizer que só o confinamento melhora o problema.

Aquilo a que assisti de serenidade, de eficácia, de competência, ficará para sempre marcado como um momento muito alto da minha vida. Sei que as pessoas todas juntas não somam inteligências, multiplicam. É um fenómeno que faz parte da natureza humana, assim a humanidade sobreviveu. Observei a entrada regular e harmoniosa das assistentes operacionais, dos enfermeiros, dos fisioterapeutas, dos jovens médicos internos e das chefes seniores. Cada um sabe o gesto que tem que fazer, o equipamento em que tem que mexer, o registo necessário, a colheita de sangue a horas, a administração do medicamento. E… sabe também informar. Explica o que vai fazer e porquê.

O meu conhecimento dos espaços das urgências cresceu comigo organicamente. Fiz urgências nos bairros pobres de Lisboa, fiz no Hospital do Barreiro atos clínicos que não passavam pela cabeça de uma miúda de vinte e poucos anos, antes da classificação de Manchester andei de papel na mão a fazer triagem na sala de espera, vi crescer o Serviço de Observações das Urgências de Santa Maria com a Teresa Rodrigues a decidir os gestos urgentes. E lá continua ela a salvar gente. Sofri com os “diretos” e culpabilizei-me. Vi o Carlos França instalar finalmente os Cuidados Intensivos. Vi tudo? Não. Não vi nada. Porque bastou o ano de 2020 e o inimigo ultra invisível para perceber que há uma coisa que de facto é um “milagre”: a capacidade de auto-organização, rápida, eficaz, criativa, serena. Era possível fazer tudo isto com requisição civil? Tenho dúvidas. É a cultura que está para trás que explica o “milagre”.

Com as minhas amigas enfermeiras conversávamos por vezes sobre os “territórios”. Pois o milagre também desenhou territórios. Quer isto dizer que reina a Paz nos serviços de Urgência do Serviço Nacional de Saúde? Não. Esta onda organizada de espaços e de recursos humanos palpita como um corpo que pede respiração. O Diretor da Medicina, Lacerda, vai buscar enfermarias a todo o lado possível, converte serviços e adapta-os. A Sandra Brás supervisiona como um arcanjo os vários espaços e equipamentos covid-19. Os meus colegas dos Cuidados Intensivos, com 85% de lotação, estão no limite, ou seja, na zona das necessárias e rápidas escolhas. Estes doentes não são pneumonias habituais. Têm mais demora de cama (quanta?), têm uso de equipamentos que não existiam antes.

Os meus colegas não estão desesperados, nem aflitos, estão profundamente preocupados, esgotados também, a situação é dinâmica, é preciso fazer opções técnicas. Quando lançam o alarme cá para fora não é um pedido de socorro para eles. É dizer que só o confinamento melhora o problema. É explicar que quanto mais infetados, mais sintomáticos. Entre estes aumentam os de risco e quanto mais risco mais cuidados intensivos. 

Na minha enfermaria, por sinal toda de afrodescendentes, senti no mais fundo da noite que alguém abandonava a Montanha Mágica. Com serenidade. Sem obstinação. É também uma escolha. No dia seguinte a animada Inalda, assistente operacional de São Tomé (já sou efetiva!), a enfermeira Ana, a enfermeira Marta, nos doentes o Sr. C. que ficou meu amigo e é de Cabo Verde, a Dona A., de Luanda, o Sr. D. que também é de Luanda e já venceu muitas coisas, corpos que já foram desejados, já se reproduziram, são a humanidade que ali está. A médica de Medicina Interna, Dra. Patrícia Howell Monteiro, que ainda foi contratada em exclusividade (2008/2009?), é o pilar sólido e sustentável que orienta o Henrique Barbacena, o Renato e o Francisco, que hão-de fazer o exame da especialidade proximamente. Para onde irão? O Renato está a sofrer nos cuidados intensivos, a dar o máximo. O Henrique é também professor de Farmacologia, tive o privilégio que me explicasse coisas sobre vírus. E ausculta à velha maneira, como eu. Conseguimos ter um momento para conversar e a propósito da vida e do ultra invisível contou-me como lera apaixonadamente a Estranha ordem das coisas, do Damásio, livro que a chefe Patrícia lhe ofereceu. Há muitos anos, o António Damásio também foi da nossa incubadora, o Hospital de Santa Maria. E, a propósito, eu e o Henrique conversámos sobre a dinâmica da vida, a necessidade de não fazer classificações mecanicistas. E reganhei a grande esperança do aviso da tal frase do Abel Salazar: “Um médico que só sabe Medicina, então não sabe Medicina.” Estes sabem Medicina e são uma das estruturas do SNS.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Hino da XXXIII Jornada Mundial da Juventude - "Há Pressa no Ar"

Hino - "Há Pressa no Ar"


As Jornadas Mundiais da Juventude - JMJ -  são eventos religiosos que foram instituídos pelo Papa João Paulo II em 20/12/1985 e que reúnem milhões de católicos de todo o Mundo, sobretudo jovens, para celebrarem e aprenderem a fé e a doutrina  católica,  e para construírem pontes de Amizade e Esperança entre Continentes, Povos e Culturas, além de compartilharem entre si a vivência da espiritualidade.
Tem a duração de cerca de uma semana e durante a Jornada acontecem eventos como catequeses, adorações, missas, momentos de oração, palestras e shows, tudo em diversas línguas.
Ao inicio, o Papa João Paulo II  pretendeu que fosse um evento anual, mas depois passou a ser com intervalos de dois ou três anos, com o objetivo de alcançar novas gerações de católicos, propagando assim os ensinamentos da Igreja.
O evento é realizado numa cidade escolhida pelo Papa e para cada Jornada, o Papa sugere um tema, retirado de um Versículo Bíblico. 
Assim, cada Jornada possui um Hino baseado no tema e um Logotipo
Na celebração que marcou o encerramento da JMJ de 2019, na Cidade do Panamá, o Papa Francisco, anunciou que a XXXIII Jornada Mundial da Juventude iria realizar-se em 2022 e na Cidade de LISBOA, em PORTUGAL, com o tema:

 "Maria levantou-se e partiu apressadamente".

Contudo, no dia 20/04/2020, o Vaticano anunciou que devido à Pandemia de COVID-19, a data inicialmente prevista,  iria ser alterada para Agosto de 2023.

O local provável para o evento JMJ LISBOA 2023 será a margem do Rio Tejo, junto ao "Mar da Palha", mas não só...

O Hino Oficial da JMJ LISBOA 2023 foi apresentado hoje, “Há Pressa no Ar”, tem letra de João Paulo Vaz, Sacerdote, e música de Pedro Ferreira, professor e músico, ambos da Diocese de Coimbra. Os arranjos são do músico Carlos Garcia.

A autora do Logotipo do evento é Beatriz Roque Antunes, jovem Designer Portuguesa de  24 anos. Estudou Design em Londres e atualmente trabalha numa Agência de Comunicação, em Lisboa.



Os Significados do Logotipo são:
Cruz - A Cruz de Cristo, sinal do amor infinito de Deus pela Humanidade é o elemento central, onde tudo nasce.
Caminho - Tal como indica o relato da Visitação, tema da JMJ LISBOA 2023, Maria parte, pondo-se a caminho para viver a vontade de Deus, e dispondo-se a servir Isabel. Este movimento sublinha o convite feito aos jovens para renovarem "o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade". A acompanhar o caminho surge, ainda, uma forma dinâmica que evoca o Espirito Santo
Terço - A opção pelo Terço, celebra a Espiritualidade do Povo Português na sua devoção a Nossa Senhora de Fátima. Este é colocado no caminho para invocar a experiência de peregrinação que é tão marcante em Portugal.
Maria - Maria foi desenhada jovem para potenciar uma maior identificação com os jovens. O desenho exprime a juvenilidade, própria de quem ainda não foi mãe mas carrega em si a luz do mundo. 


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

"Um Milagre... da Vida" em plena Pandemia do Coronavírus (Covid-19)

Ontem, tomei conhecimento deste "Milagre" e fiquei curiosa, então resolvi fazer pesquisa na internet e não foi fácil, mas com persistência consegui.
Reporto-a aqui na esperança que todas as pessoas que têm duvidas em acreditar nesta Pandemia, possam alterar a opinião e, se mais pretenderem saber e ler e até mesmo ouvir os vídeos gravados, façam pesquisa e tomem conhecimento que a COVID-19 não é brincadeira, existe mesmo e é perigosa, já matou muitíssimas pessoas no Mundo.

Esta é a história real e incrível  de uma família da vida real!
Antes, devo lembrar o conceito de Covid-19, ECMO e Ventilador.

COVID-19 é o nome, atribuído pela Organização Mundial da Saúde, à doença provocada pelo novo coronavírus SARS-COV-2, que pode causar infeção respiratória grave como a pneumonia. 

ECMO, Oxigenação por membrana extracorporal, é uma técnica de suporte de vida extracorporal em doentes com falência cardiovascular ou pulmonar.
ECMO usa uma bomba para fazer circular o sangue por um pulmão artificial fora do corpo, regressando depois à corrente sanguínea.
Entre as condições mais comuns que podem necessitar do ECMO estão casos de pneumonia gravedoenças cardíacas congénitaspressão arterial muito elevada nas artérias dos pulmões e durante o recobro de uma cirurgia cardíaca. O ECMO é uma técnica complexa, de alto risco e custo elevado.
ECMO  é um Pulmão artificial.

VENTILADOR em medicina,  é um aparelho médico que realiza ventilação mecânica em pacientes com dificuldades respiratórias graves.

Esta é a história, real e verdadeira, que no meio de tantas situações tristes, devido a Pandemia do COVID-19, teve um final difícil mas Feliz. 
A historia de um bebe que nasceu prematuro e em situação incrível, quando sua mãe estava em coma, portadora de COVID-19, a história do BEBÉ NEVES.
BEBÉ NEVES, assim chamado pelas enfermeiras, a pedido do pai, que quis esperar que a mãe acordasse do coma para decidir o nome do filho.
E de acordo com o titulo do livrinho que duas enfermeiras fizeram sobre o BEBÉ NEVES, esta história dramática mas com um final Feliz, começa assim:
 
Era uma vez...

Um homem, chamado Adalberto Neves, de 33 anos, Engenheiro Eletrotécnico de Telecomunicações, e a sua mulher, Elisângela, de 31 anos, Contabilista.
Ambos nasceram em São Tomé e Príncipe, de onde saíram para Portugal em 2008. Tiveram o primeiro filho em 2015 e decidiram esperar cinco anos até avançarem para o segundo, para o mais velho ter tempo de ganhar autonomia.
Com grande alegria Elisângela soube que estava grávida, no fim de Abril de 2020, pouco depois do início da Pandemia do COVID-19
Em Outubro, na sequência de um gesto de altruísmo mas também de imprudência, o COVID-19 atingiu a família. 
Adalberto tinha recebido um telefonema de um amigo que se encontrava doente, solicitando-lhe a compra de medicamentos. Comprou e entrou em casa do amigo sem pôr a máscara. 
Elisângela pressentiu logo que tinha sido um erro. 
Três dias depois, Adalberto começou a ter febre e contactou com o amigo doente a pedir-lhe para ir fazer um teste, deu positivo, e assim que receberam a notícia também ele e Elisângela se submeteram aos testes que confirmaram que estavam infetados, tal como a mãe de Elisângela, que vive com o casal.
Elisângela deixou de ir trabalhar para ficar em isolamento e também começou a sentir febre e dores no corpo. 
Uns dias depois, uma tosse persistente e dores no peito, juntaram-se aos sintomas.
Adalberto decidiu ir com a mulher ao Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. 
A mãe de Elisângela necessitou igualmente de assistência clínica, pelo que chegaram a ficar ao lado uma da outra naquela unidade hospitalar. 
Apesar de ser uma mulher jovem e saudável sem fatores de risco, a situação de Elisângela agravou-se rapidamente, com o nível de oxigénio no sangue a baixar para valores que obrigaram os médicos a entubá-la e a ligá-la a um ventilador, ou seja, teve de ser transferida para a Unidade de Cuidados Intensivos.
Elisângela não se lembra, mas antes desse momento, fez uma chamada a Adalberto, impedido de entrar no hospital, onde proíbem o acesso a acompanhantes, dizendo que a iam mudar para os Cuidados Intensivos, porque estava com muita falta de Oxigénio. 
Adalberto ligou e soube que a mulher já não estava ali, tinha sido transferida para o Hospital de Santa Maria, por falta de vagas nos Cuidados Intensivos do hospital de Loures.

Elisângela foi admitida às 03H23 da madrugada de Sábado, 7 de Novembro de 2020, grávida de 27 semanas, infetada com Covid-19, ligada a um ventilador. 
O médico intensivista Gustavo Jesus estava de serviço, na urgência do Hospital de Santa Maria, quando recebeu o telefonema a pedir uma vaga e percebeu logo que viria a caminho uma doente cujo tratamento se poderia tornar muito complicado. 
Telefonou à Obstetra Luísa Pinto, de turno na Urgência, para o ajudar a avaliar se haveria indicação para interromper a gravidez, mas naquele momento ainda não havia.
Gustavo Jesus passou a acompanhar o caso em permanência com outros dois médicos da Unidade de Cuidados Intensivos, João Trindade Nave e Pedro Gaspar da Costa.
Logo no dia seguinte os médicos concluíram que o ventilador não era suficiente e decidiram ligá-la a outra máquina, um aparelho de ECMO.
Esse aparelho faz circular quatro a seis litros de sangue por minuto fora do corpo, para ser oxigenado, substituindo assim a tarefa dos pulmões danificados e prolongando a vida da doente. 
Antes de submeterem Elisângela a esta intervenção, os médicos ligaram a Adalberto, informando-o de que era um processo muito difícil e que Elisângela estava entre a vida e a morte, mas Adalberto manteve sempre a fé em Deus. 
Adalberto é Evangelista.
Muita fé teve Adalberto na mulher, nos médicos e em Deus, sempre a rezar com os pastores e os irmãos do seu círculo de oração na Igreja Evangélica
Na maioria das vezes, durante o coma, apenas lhe diziam que estava "estável", o que o deixava inquieto. 
Mas um dia, um médico respondeu-lhe que a mulher estava "entre a vida e a morte" e foi ainda pior. 
Mesmo assim, acreditou sempre que ela ia sobreviver.
O objetivo inicial da equipa médica que submeteu Elisângela à ECMO, era prolongar-lhe a vida e a do seu bebé, o tempo suficiente para tratar a pneumonia e poder eventualmente aguentar e recuperar até ao momento do parto. Mas tiveram de manter sempre em cima da mesa outros dois cenários: uma cesariana programada, ou uma cesariana de emergência em caso de agravamento súbito do estado da mãe ou do feto.
Quase todas as manhãs, os três intensivistas recebiam colegas de Obstetrícia, de Neonatologia e de Anestesiologia, para analisarem os vários parâmetros de evolução da doente e do bebé que tinha na barriga. 
... "Não foi fácil. Dentro da equipa, uns achavam que devíamos fazer a cesariana, outros que devíamos tentar manter mais tempo o bebé na barriga da mãe... Tínhamos de balançar o risco entre trazer um bebé muito prematuro ao Mundo e poder causar uma hemorragia muito grande à grávida... por outro lado, em ECMO há probabilidade de o desfecho ser negativo e perdermos a mãe e o bebé...", recorda a anestesiologista Filipa Lança.
Quanto mais tempo o bebé aguentasse, mais hipóteses tinha de nascer sem sequelas de prematuro. 
... "Com 28 semanas de gravidez, por cada dia que ganhamos dentro da barriga da mãe, reduz-se em 3% o risco de mortalidade do bebé ou de sequelas auditivas e visuais...", explica o Diretor de Obstetrícia, do Hospital de Santa Maria, Dr. Diogo Ayres de Campos.
Eram realizadas ecografias praticamente diárias. 
Duas vezes por dia fazia-se um CTG - um cardiotocografia, que monitoriza o bem estar fetal e da mãe. 
As análises à grávida revelaram várias alterações preocupantes, sépsis, dificuldade na coagulação do sangue e um diagnóstico de pré-eclâmpsia, uma doença da placenta, que só pode ser tratada pondo fim à gravidez, recorda a obstetra Mónica Centeno.
Urgia tomar uma decisão.
Apesar de estar ligada a um ECMO, o cenário piorava todos os dias, e foi então que os médicos avançaram com uma cesariana muito arriscada. 
Foi uma luta difícil de muitos médicos e enfermeiros vestidos de astronautas.
O Diretor de Obstetrícia, do Hospital de Santa Maria, Dr. Diogo Ayres de Campos, estava reunido no seu gabinete com as duas obstetras experientes que escolheu para fazerem a cesariana, Luísa Pinto e Mónica Centeno.
Foi uma decisão difícil. As consequências poderiam ser graves. Uma hemorragia não estancável podia ser fatal para a mãe. O bebe não estava a ter o desenvolvimento normal...
Diogo Ayres de Campos  tomou a decisão final sobre o momento em que se iria fazer a cesariana. 
E juntamente com 12 outros profissionais, acompanharam o nascimento do bebe, esperar mais tempo poderia ser um risco fatal para mãe e filho. 
A Obstetra Mónica Centeno ligou ao pai do bebé a dizer que iam avançar com a cesariana. Adalberto estava a levar o filho mais velho à escola quando atendeu e ouviu a médica dizer-lhe que a esposa tinha pré-eclampsia, a pressão arterial estava a aumentar e isso podia causar problemas à mãe e ao bebé se não tirassem a criança.
E a 18 de Novembro de 2020, nasce o bebé Neves, com um estado de saúde perfeitamente saudável. 
Muito sofreu Adalberto, neste mês e meio em que teve a mulher internada e em coma, com o bebé na barriga ou depois numa incubadora longe da mãe...
... "O nosso bebé é muito importante, mas a minha preocupação era mais a minha esposa, é a minha companheira de guerra, estivemos sempre os dois juntos nas nossas batalhas, nas nossas dificuldades..."
Muito telefonou Adalberto para o hospital, a perguntar como estava o bebé, mas sobretudo como estava a mulher...
... "É aborrecido para eles, mas eu pedia sempre desculpa, não podendo visitar, sem poder fazer nada, a única coisa que podia fazer era ligar para eles..."
Tranquilizaram-no e disseram-lhe que podia ligar sempre que quisesse...
Elisângela lutava contra a vida quando deu à luz o seu bebé.
Com a Elisângela ainda em coma, o bebé Neves ficou na incubadora ao cuidado de duas enfermeiras, que enviam fotografias e mensagens, em nome do bebé, ao pai Adalberto.
O pai não podia visitar nem a mãe nem o filho e, à distância, ia recebendo fotografias e imagens enviados do hospital, pelo pessoal médico.
As duas enfermeiras foram incansáveis, tudo fizeram para ajudar mãe e filho.
Gravaram o som do bebe a chorar e puseram-no a cabeceira da mãe para a ajudar a despertar do coma, bem como as fotografias que iam tirando ao bebe.

Sabendo que a mãe continuava em coma, as enfermeiras da Neonatologia criaram um diário onde anotaram os momentos mais importantes da vida do bebé. Nas primeiras páginas colocaram o desenho do pé, a primeira fotografia, a hora e dia do nascimento (13h33 de 18 de novembro) e o peso (1.044 gramas).

Mais duas páginas do diário, com imagens da incubadora onde o bebé passou os primeiros dias de vida, descrita como "a minha primeira casinha transparente". O diário foi oferecido à mãe assim que teve alta do hospital.

Até que o milagre aconteceu, 12 dias depois do nascimento, Elisângela acordou do coma e finalmente conheceu o seu filho por videochamada. 
Foi um momento muito emocionante para todos!

As enfermeiras Nádia Santos e Diana Eustáquio perceberam logo que o parto de uma mãe em coma ligada ao ventilador e ao ECMO podia ser um momento histórico. 
Fizeram esta selfie à porta do bloco operatório, enquanto esperavam para prestar os primeiros cuidados ao bebé. 
À direita, Elisângela segura pela primeira vez o seu bebé ao colo, 22 dias depois do parto.

Adalberto segura o bebé ao colo, sob o olhar de Elisângela, horas antes de o recém-nascido também ter alta do Santa Maria, na sexta-feira, 8 de janeiro.

Esta foi uma história com um final Feliz mas que ainda não terminou.
Elisângela depois do coma, teve de reaprender tudo, inclusive a segurar a sua cabeça, dado perder-se massa muscular quando se está muito tempo deitado e em coma. 
A fisioterapia é muito importante. 
Quanto as doenças, sequelas provocadas pelo COVID-19... O tempo ditará...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Fu-Bau - a Panda fofinha

Fu-Bao que significa "Panda Bebe - Tesouro da Sorte" é uma Panda que será Gigante mas que por agora tem apenas cerca de 5 meses e é uma fofinha. 
Nasceu em Agosto/2020 e o seu nome foi escolhido por mais de 50 mil pessoas.
Fu-Bao foi o primeiro panda-gigante a nascer no Zoológico de Everland, na Coreia do Sul, e consta ser uma fêmea, pertencente a raça  dos "Pandas-Gigantes".
Os "Pandas-Gigantes" são uma das espécies mais ameaçadas e em vias de extinção em todo o Mundo.
O nascimento desta panda-bebe, é motivo de celebração por todos.
Principalmente porque as fêmeas só podem engravidar uma vez por ano e suas crias, têm reduzidas hipóteses de sobreviverem, pelo facto de nascerem antes do termino da gestação o que implica que tenham muito pouco peso, cerca de 200 gramas.
Fu-Bao é filha de Ai Bao e de Le Bao. 
Quando nasceu pesava apenas 197 gramas, mas depois de 100 dias atingiu o peso de 5,8Kg.
Fu-Bao cresceu rapidamente nos seus primeiros 100 dias como demonstram os vídeos abaixo.


Quando Fu-Bao nasceu, tinha a cor rosa. 
Cerca de 20 dias depois do nascimento, começou a ficar com as características de panda, ou seja branco e preto. 
Ai Bao, a mãe de Fu-Bao, dá-lhe muita atenção bem como os veterinários do Zoo de Everland.
A Equipe do Zoo faz regularmente chek-ups de saúde a Fu-Bao.


 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O meu marido e o menisco

Hoje, o meu marido que nunca está doente, vai ser intervencionado a um menisco do joelho. 
Tem sido um tormento de dores há quase um ano. 
Já se experimentaram todas as hipóteses de fisioterapias, exames de diagnósticos, geles,  gelo, águas mornas, pomadas, medicamentos... Chega!
Eu, respiro fundo e estou confiante, porque espero que tudo vá correr bem...
A cirurgia será apenas o primeiro passo da sua recuperação, mas também será o mais importante. 
É um momento delicado, pelo qual ninguém gostaria de passar, mas espero que o meu marido esteja entregue a uma equipe médica competente que de certo estará focada em fazer um bom trabalho.
O meu segredo, agora e sempre será: Pensamento positivo!
Tudo vai correr Bem!!
Ele merece!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Parabéns

Parabéns pelo teu 4º. aniversario!!!!


Em breve também farão 4 anos que fomos adotados por ti, conforme aqui contei.
Somos todos felizes, a Julie gosta de nós e nós gostamos dela. 
Quem a maltratou e  atirou para o nosso jardim, nem sabe o que perdeu...
PARABÉNS!

2021 - Carlos do Carmo

O novo ano começa mal... 
A manhã clareou tímida, chuvosa... 
Talvez lágrimas do céu anunciando que Portugal e os portugueses estão mais pobres, partiu cedo, pela manhã, já no novo ano, morreu Carlos do Carmo.
A alguns será indiferente mas a outros, como eu, será tristeza e ainda a outros, como a família e amigos chegados, será dor e angustia...

Carlos do Carmo nasceu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1939. 
Era filho duma fadista que eu (e muitos outros) também gostava, a fadista Lucília do Carmo. Grande intérprete do fado e dona de uma casa de fados em Lisboa que Carlos do Carmo passaria a gerir.  
De entre os numerosos sucessos destaca-se o álbum “Um Homem na Cidade”, de 1977, tendo a colaboração do poeta José Carlos Ary dos Santos. 
Ao longo da sua tão longa carreira, Carlos do Carmo foi distinguido com vários galardões, entre os quais o Grammy latino de carreira (2014) e o título de Grande Oficial da Ordem do Mérito (2015), concedido pela Presidência da República.
No dia em que recebeu o Grammy "Lifetime Achievement Award", Carlos do Carmo recebeu também uma homenagem da Rádio Comercial, onde 35 artistas cantam “Lisboa Menina e Moça”, conforme aqui mencionei.  
O fadista Carlos do Carmo, de 81 anos, morreu esta madrugada no hospital de Santa Maria, Paz a sua alma e que descanse em Paz.