Quem for da minha geração, nascido nos anos cinquenta, certamente que se devem lembrar das tristíssimas imagens que apareciam nos telejornais na década de 60 do século passado, sobre as crianças do Biafra que morriam de fome.
Também não é diferente, do que acontece hoje, com a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza que já matou pelo menos 60 mil Palestinos desde o inicio do conflito em Outubro de 2023 e isto em pleno Século XXI.
Depois desta trágica introdução, voltemos ao livro "Meio Sol Amarelo" de Chimamanda Ngozi Adichie, que é uma Obra incrível, sobre a guerra Nigéria/Biafra, que começou em 1967 e terminou em 1970.
"Meio Sol Amarelo" é uma Homenagem às pessoas que viveram aquele horror, que viveram uma guerra que ceifou milhares de vidas.
Porque a guerra... a guerra é uma coisa feia!
Chimamanda Ngozi Adichie conta uma história mas sem embelezar o horror de tudo aquilo que acontece numa guerra, mas também não nos poupa o horror da realidade.
No "Meio Sol Amarelo", está tudo lá, não falta quase nada: a brutalidade dos militares, as humilhações por um pouco de comida, os padres pedófilos, as crianças com barrigas enormes, as moscas, as violações, as ratazanas assadas, os corpos nas ruas, a dignidade que se esvai, os tiros, as explosões, a esperança que se vai perdendo... tudo...
Numa guerra, não há heróis!
Numa guerra, não existem pessoas perfeitas, porque todos passam muuuiitas dificuldades e acabam por fazer coisas das quais não se orgulham.
Mas é preciso sobreviver!
E cada dia é mais um dia!
"Meio Sol Amarelo" é um livro que deve ser lido!
Aqui fica a Sinopse:
A breve vida do Biafra enquadra o crescimento de Ugwu, um humilde criado de treze anos a quem o mundo se desvendará pela mão do seu senhor, Odenigbo, que, na intimidade da sua casa, planeia uma revolução.
Este jovem professor universitário mantém uma relação apaixonada com a bela Olanna, cuja irmã gémea, Kainene, é alvo do amor desesperado de Richard, um jovem inglês a braços com sua identidade enquanto homem branco em África.
Todos eles vão ser forçados a tomar decisões definitivas sobre amor e responsabilidade, passado e presente, nação e família, lealdade e traição.
Todos eles vão assistir ao desmoronar da realidade tal como a conheciam devido a uma guerra que tudo transformará irremediavelmente.
Um pouco de História sobre o BIAFRA
Bandeira do Biafra
(meio sol dourado, representando cada raio, as 11 províncias do Biafra)
O Biafra
A República do Biafra foi um Estado de existência breve, resultante da separação da tribo dos ibos no Sul da Nigéria contra o poder central.
Existiu de 30 de Maio de 1967 a 15 de Janeiro de 1970.
Até à independência, em 1960, a Nigéria tinha sido uma colónia inglesa e, para assegurarem o equilíbrio de forças internas, os ingleses distribuíram o poder entre as tribos principais, em que umas eram Muçulmanas e outras Cristãs.
Mas o petróleo surgiu em 1963 e tudo mudou.
Em 1966, as companhias britânicas Shell e BP já extraíam milhões de toneladas de petróleo.
A tribo dos Ibos que os ingleses tinham cristianizado e europeizado nas suas escolas, ganharam “consciência petrolífera”.
A tribo dos Ibos foram educados pelos ingleses, e como tal, tinham passado a ser os médicos, os engenheiros, os economistas das estruturas do Estado e privadas.
Mas os interesses económicos, os jogos de poder, a guerra civil, as diferenças religiosas e a falta de um programa e de um líder de união entre tribos, não permitiram o reconhecimento oficial por parte de alguns dos mais importantes países do Mundo, incluindo o Vaticano...





