quinta-feira, 31 de julho de 2025

"Meio Sol Amarelo" de Chimamanda Ngozi Adichie


Quem for da minha geração, nascido nos anos cinquenta, certamente que se devem lembrar das tristíssimas imagens que apareciam nos telejornais na década de 60 do século passado, sobre as crianças do Biafra que morriam de fome.



Também não é diferente, do que acontece hoje, com a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza que já matou pelo menos 60 mil Palestinos desde o inicio do conflito em Outubro de 2023 e isto em pleno Século XXI.





Depois desta trágica introdução, voltemos ao livro "Meio Sol Amarelo" de Chimamanda Ngozi Adichie, que é uma Obra incrível, sobre a guerra Nigéria/Biafra, que começou em 1967 e terminou em 1970.
"Meio Sol Amarelo" é uma Homenagem às pessoas que viveram aquele horror, que viveram uma guerra que ceifou milhares de vidas.

Porque a guerra... a guerra é uma coisa feia!

Chimamanda Ngozi Adichie conta uma história mas sem embelezar o horror de tudo aquilo que acontece numa guerra, mas também não nos poupa o horror da realidade. 
No "Meio Sol Amarelo", está tudo lá, não falta quase nada: a brutalidade dos militares, as humilhações por um pouco de comida, os padres pedófilos, as crianças com barrigas enormes, as moscas, as violações, as ratazanas assadas, os corpos nas ruas, a dignidade que se esvai, os tiros, as explosões, a  esperança que se vai perdendo... tudo...
Numa guerra, não há heróis! 
Numa guerra, não existem pessoas perfeitas, porque todos passam muuuiitas dificuldades e acabam por fazer coisas das quais não se orgulham. 
Mas é preciso sobreviver! 
E cada dia é mais um dia!

"Meio Sol Amarelo" é um livro que deve ser lido!

Aqui fica a Sinopse:

A breve vida do Biafra enquadra o crescimento de Ugwu, um humilde criado de treze anos a quem o mundo se desvendará pela mão do seu senhor, Odenigbo, que, na intimidade da sua casa, planeia uma revolução. 
Este jovem professor universitário mantém uma relação apaixonada com a bela Olanna, cuja irmã gémea, Kainene, é alvo do amor desesperado de Richard, um jovem inglês a braços com sua identidade enquanto homem branco em África.
Todos eles vão ser forçados a tomar decisões definitivas sobre amor e responsabilidade, passado e presente, nação e família, lealdade e traição.
Todos eles vão assistir ao desmoronar da realidade tal como a conheciam devido a uma guerra que tudo transformará irremediavelmente.

Um pouco de História sobre o BIAFRA

Bandeira do Biafra
(meio sol dourado, representando cada raio, as 11 províncias do Biafra)
O Biafra
A República do Biafra foi um Estado de existência breve, resultante da separação da tribo dos ibos no Sul da Nigéria contra o poder central. 
Existiu de 30 de Maio de 1967 a 15 de Janeiro de 1970.

Até à independência, em 1960, a Nigéria tinha sido uma colónia inglesa e, para assegurarem o equilíbrio de forças internas, os ingleses distribuíram o poder entre as tribos principais, em que umas eram Muçulmanas e outras Cristãs.

Mas o petróleo surgiu em 1963 e tudo mudou. 
Em 1966, as companhias britânicas Shell e BP já extraíam milhões de toneladas de petróleo.

A tribo dos Ibos que os ingleses tinham cristianizado e europeizado nas suas escolas, ganharam “consciência petrolífera”. 
tribo dos Ibos foram educados pelos ingleses, e como tal, tinham passado a ser os médicos, os engenheiros, os economistas das estruturas do Estado e privadas.

Mas os interesses económicos, os jogos de poder, a guerra civil, as diferenças religiosas e a falta de um programa e de um líder de união entre tribos, não permitiram o reconhecimento oficial por parte de alguns dos mais importantes países do Mundo, incluindo o Vaticano...

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Cinema: "Ler Lolita em Teerão"


O filme "Ler Lolita em Teerão" (Capital do Irão), aborda o início do despoletar do Fundamentalismo Islâmico no Irão, entre 1979 e 1996, quando todas as mulheres passaram a usar obrigatoriamente um hijab
O filme relata a vida da Professora de Literatura Azar Nafisi  Farahani que, perante tantas "proibições" e "dificuldades", decide reunir com algumas alunas na sua própria casa, para discutirem obras proibidas, tais como: "O Grande Gatsby", "Daisy Miller", "Lolita" e "Orgulho e Preconceito", onde acabam por refletir sobre as suas próprias condições de Mulheres nesta sociedade extremamente fechada
Apesar do filme se referir aquela época, a história, infelizmente, mantém-se idêntica no contexto atual, tendo em conta que o Irão, pouco ou nada mudou, desde então.
É de referir que, obviamente, o filme "Ler Lolita em Teerão", não teve quaisquer filmagens no Irão. Foi integralmente filmado em Itália. Não teve qualquer exibição no Irão e, face ao conteúdo do filme, não me parece que tal vá acontecer.
O filme "Ler Lolita em Teerão" baseia-se no livro homónimo de Azar Nafisi, escritora e efetivamente Professora de Literatura Inglesa que reside nos Estados Unidos da América, desde 1997. 
O livro que foi publicado em 2003, reflete a sua experiência pessoal enquanto professora no Irão. 

O filme "Ler Lolita em Teerão" apresenta-se dividido em quatro partes, cada uma delas correspondendo ao título de um dos livros. É de salientar que todos esses livros, ainda hoje se encontram proibidos/interditos no Irão. 
Por fim, o filme tem uma última parte, sem título, em 2003, já em Washington D.C, onde Professora de Literatura Azar Nafisi  Farahan, publica o livro "Ler Lolita em Teerão", relatando a sua experiência pessoal enquanto professora no Irão entre 1979 e 1996, abordando o início do despoletar do Fundamentalismo Islâmico no Irão...

Valeu ter ido ver o filme "Ler Lolita em Teerão"

domingo, 13 de julho de 2025

"Três" - Valérie Perrin


aqui falei sobre Valérie Perrin, a propósito do seu anterior livro: "A Breve Vida das Flores".
E então, parecia-me difícil que Valérie Perrin conseguisse continuar a me surpreender.
Assim, esperava que o seu livro "Três" fosse igualmente bom, mas já estava ciente do seu modo de escrita e, nunca pensei ficar tão entusiasmada e maravilhada com ele. Gostei imenso!
Valérie Perrin tem a capacidade de nos levar facilmente entre passado e presente, sem que nos sintamos perdidos.
Valérie Perrin constrói uma história e dá as informações certas na altura exata.
Valérie Perrin é uma autora absolutamente maravilhosa.
Para mim, não é possível comparar os dois livros. 
Ambos têm a capacidade de nos prender e nos surpreender.
Há livros que não se esquecem! 
Há livros que lê-los é um privilégio! 
Há livros que nos entretêm, nos conquistam, nos emocionam, nos marcam...
 "Três" é tudo isso!!!!
Resta-me apenas aconselhar vivamente a sua leitura, esperando que também gostem dele.  Assim, aqui fica a sua sinopse.

Sinopse:

Adrien, Étienne e Nina têm dez anos quando se conhecem na escola, em 1986. Rapidamente, tornam-se muito próximos, criam um laço fortíssimo e fazem um pacto: vão partir, juntos, para Paris e jamais se separarão.

Muitos anos mais tarde, em 2017, é encontrado um carro no fundo de um lago, no lugar onde os três amigos cresceram. 
Virginie, uma jornalista com um passado nebuloso, faz a cobertura do caso. Pouco a pouco, ela vai descobrindo o que aproximou aqueles três amigos. Que pessoas são, hoje, Adrien, Étienne e Nina
Qual é a relação entre este estranho acontecimento e a história de amizade que une os três?

É um mergulho nas águas tumultuosas - e tantas vezes turvas - da adolescência e, sobretudo, no tempo que passa e nos separa das pessoas que fomos então.