sábado, 7 de junho de 2025

Luís Trigacheiro - Arritmia


Gestos tão soltos que prendem
Os passos que dou e me traem
Ouvisses de mim o que eu gosto de ti
Nas coisas que sei e não saem

Dos poemas que li não me lembro
Beijos o cinema roubou
Se ouvisses de mim o que eu gosto de ti
Talvez soubesses quem sou

Peguei na tua mão
Para ver o que dizia
A voz do coração
Ao tremer
Faltou-me convicção
Num compasso arritmia
Nas palavras que ficaram por dizer

Tinhas histórias aqui bеm guardadas
Que a coragem perdida apagou
Sе ouvisses de mim o que eu gosto de ti
Numa valsa que ninguém dançou

E a boca que só me fraqueja
Esta voz que evapora no ar
Sairá bem de mim o que gosto de ti
Quando ela não mais me faltar

Pisei, 
Beijei teu chão
Quer dizer
Assim eu queria
Mas deixei a indecisão
Vencer

E em provas 
de aflição
Na verdade eu já temia
Que as palavras ficassem por dizer

Tu já sabes que eu não
Sou de frases nem magias
Ainda assim deste-me a mão
Sem tremer
Espero que esta hesitação
Vá de prosa à poesia
Nas palavras que acabarmos por dizer
Nas palavras que acabarmos por dizer
Nas palavras que acabámos por dizer

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