Livro
de horas
Miguel
Torga
Aqui,
diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.
Me
confesso
possesso
das virtudes teologais,
que são três,
possesso
das virtudes teologais,
que são três,
e
dos pecados mortais,
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.
Me
confesso
o dono das minhas horas.
o das facadas cegas e raivosas
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo andanças
do mesmo todo.
o dono das minhas horas.
o das facadas cegas e raivosas
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo andanças
do mesmo todo.
Me
confesso de ser charco
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.
Me
confesso de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me
confesso de ser homem.
De ser um anjo caído
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.
Me
confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!
Eu,
pecador me confesso
D. Manuel Martins
(Bispo emérito de
Setúbal)
Eu,
pecador, me confesso:
De nem sempre saber sorrir,
De nem sempre saber ouvir,
De nem sempre saber compreender e ajudar.
De nem sempre saber sorrir,
De nem sempre saber ouvir,
De nem sempre saber compreender e ajudar.
Eu,
pecador, me confesso:
Porque não tenho cantado,
como devia, a beleza da vida,
a imensidade do amor de Deus,
o valor da fraternidade,
a importância da justiça e da paz.
Porque não tenho cantado,
como devia, a beleza da vida,
a imensidade do amor de Deus,
o valor da fraternidade,
a importância da justiça e da paz.
Eu,
pecador, me confesso:
Porque não tenho sido esperança,
não tenho semeado esperança,
não tenho gritado esperança
Porque não tenho sido esperança,
não tenho semeado esperança,
não tenho gritado esperança
Rancor
É a mágoa
profunda, motivada por ofensas recebidas ou por situações anteriormente vividas
que provocaram um enorme ressentimento, um quase ódio guardado, não demonstrado.
É um ressentimento amargo, reprimido, ocasionado por actos alheios que nos
causam danos morais profundos, que nos levam a criar “muros” que ficam dificílimos
de derrubar. Por tudo isto, o rancor é um pecado que se pratica por culpa dos
outros.
Como se consegue ultrapassar?
Eu, pecadora me confesso, por
pensamentos, palavras, actos e omissões… e peço humildemente a Deus que o
substitua por Amor, Bondade e Perdão.
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