quinta-feira, 22 de maio de 2014

Eu pecadora

Livro de horas
Miguel Torga

Aqui, diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.

Me confesso
possesso
das virtudes teologais,
que são três,
e dos pecados mortais,
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.

Me confesso
o dono das minhas horas.
o das facadas cegas e raivosas
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo andanças
do mesmo todo.

Me confesso de ser charco
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.

Me confesso de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.

Me confesso de ser homem.
De ser um anjo caído
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.

Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!


Eu, pecador me confesso
D. Manuel Martins
(Bispo  emérito de Setúbal)

Eu, pecador, me confesso:
De nem sempre saber sorrir,
De nem sempre saber ouvir,
De nem sempre saber compreender e ajudar.

Eu, pecador, me confesso:
Porque não tenho cantado,
como devia, a beleza da vida,
a imensidade do amor de Deus,
o valor da fraternidade,
a importância da justiça e da paz.

Eu, pecador, me confesso:
Porque não tenho sido esperança,
não tenho semeado esperança,
não tenho gritado esperança

Rancor

É a mágoa profunda, motivada por ofensas recebidas ou por situações anteriormente vividas que provocaram um enorme ressentimento, um quase ódio guardado, não demonstrado. É um ressentimento amargo, reprimido, ocasionado por actos alheios que nos causam danos morais profundos, que nos levam a criar “muros” que ficam dificílimos de derrubar. Por tudo isto, o rancor é um pecado que se pratica por culpa dos outros.
Como se consegue ultrapassar?
Eu, pecadora me confesso, por pensamentos, palavras, actos e omissões… e peço humildemente a Deus que o substitua por Amor, Bondade e Perdão. 

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