terça-feira, 24 de maio de 2011

Ainda sobre os Homens da Luta

Li, o que abaixo transcrevo, sobre os Homens da Luta, mais propriamente sobre o Jel ou Nuno Duarte (como Vos bem aprouver chamá-lo) e que foi escrito por Pedro Boucherie Mendes e Publicado em 08 de Março de 2011, com o titulo "Um homem que luta", o que demonstra bem a verticalidade de coluna que ele tem, vindo assim dar mais ênfase ao que aqui escrevi sobre eles, anteriormente.


Um homem que lutapor Pedro Boucherie Mendes, Publicado em 08 de Março de 2011

"O Jel não é doido. É dos melhores profissionais que conheci. É empreendedor. Arrisca. Atravessa-se. Diz que faz, e faz"Não o sendo, acabo por ser mais ou menos o chefe do Jel. É por mim que passa a aprovação e o pagamento dos programas que ele tem feito na SIC Radical. E quero-vos falar desse Jel. Não esperava que eles vencessem o Festival da Canção. Mas foi o que aconteceu. Ainda bem. Espero genuinamente que a geração com nome de empregada doméstica se inspire nestes Homens da Luta. Não pelo ruído que fazem, mas por coisas que eu cá sei e que tenho todo o gosto em partilhar convosco. O Jel não é doido. É dos melhores profissionais que conheci. É empreendedor. Arrisca. Atravessa-se. Diz que faz, e faz. Há uns meses disse-me que ia à China encomendar uns milhares de leitores de MP3 para vender com o seu novo álbum. E foi. E vendeu-os todos. Não ficou à espera de subsídios, apoios, marcas que o patrocinassem. Foi lá com o livro de cheques dele sem dar cavaco a ninguém. Se isto não é um homem livre não sei o que será. Há uns quase três anos disse-me que ia para a América fazer um programa. Eu mal levantei o olhar do teclado. Achei, claro, que não ia. A proposta era doida. Tratava-se de viver nos EUA e filmar lá o programa todo. Disse-lhe que lhe pagaria o mesmo que lhe pagava pelos programas que ele fazia por cá. Fui snob porque achei que ele não iria. E ele disse que sim, e foi. Não fez choradinho nem apelou a coisa nenhuma. Levantou-se e foi-se embora com um até logo. Deu cabo das finanças e foi para os EUA fazer um programa de televisão com a meia dúzia de tostões que eu lhe dei. O programa foi um fracasso de audiências, apesar de, por exemplo, o seu irmão Falâncio ter apertado a mão a Obama. Sim esse mesmo Obama que os jornalistas portugueses idolatram. Na altura ocorreu-me que se fosse um humorista turco a fazê-lo aí, sim, seria notícia nos nossos telejornais. Por alguma razão misteriosa a circunstância de um humorista português ter ido aos EUA e ter feito uma manifestação num comício de Obama, tendo inclusivamente chegado a apertar-lhe a mão, não mereceu reacção dos jornalistas portugueses. Ou dos portugueses. Se Jel tivesse ido a uma festa qualquer para lhe darem um telemóvel ou uma máquina Nespresso, talvez aí tivesse cobertura. O jornalismo português é, para mim, o maior mistério da humanidade. Nesta coisa do festival, ele disse-me que ia e que queria ganhar. Ou seja, ele não foi lá para se divertir. Foi lá para vencer. O Jel não é um deolinda. Não é parvo, não é um estroina nem um chupista. Nem se deixa abater pela triste realidade. Pelo contrário. Ele fabrica a sua própria realidade. É um tipo de uma inteligência extremamente aguçada e com um sentido crítico muito desenvolvido. É um empresário. É um profissional. Além de ser competente e boa pessoa. Este homem que luta por aquilo que quer ganhou o festival e, creio, não se importa que toda e qualquer malta se pendure nele e na canção, do líder da CGTP a outro político qualquer. O que ele quer é fazer com que as pessoas pensem. Com que Portugal melhore. Que as pessoas abram os olhos também sobre elas próprias. E que, digo eu, façam como ele e arregacem as mangas.

Director da SIC Radical

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