segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Como eu compreendo...

"...há qualquer coisa no dia seguinte que entristece e deprime. O meu Natal foi calmo. Não tenho, em casa, a agitação de uma família ululante e, mesmo que a tivesse, desalinho já por aqui há, pouco se iria notar. Hoje, de manhã, fazia-me falta um café a sério. ... No café, estão duas amigas que me chamam para a mesa. A minha ideia era uma bica de pé ao balcão, mas vamos lá. Uma delas está exausta. Detesta a balbúrdia que o Natal lhe deixa em casa, mas nunca teve coragem de bater o pé e dizer : “Este ano, não. Aqui não.” Levanta-se de madrugada, tanto a 24 como a 25, para preparar os requintes a que habituou toda a gente desde o primeiro ano de casada. Fica exausta, impertinente, não tem tempo para se arranjar. Por volta das duas da tarde do dia de Natal, começa a apetecer-lhe dar respostas tortas, mas contém-se. O marido, anfitrião feliz, passeia-se pela casa tão contente, oh! como é bom ter uma mulher assim.
- E dinheiro que eu gasto nesta altura? O dinheiro. Não posso, não posso.
Confortamo-la, dizemos mal das cunhadas dela. Elas merecem. Dizemos muito mal. Acaba por rir um pouco, mas nunca a vi assim tão cansada..."


Li, há pouco, num dos blogues que costumo visitar e, como entendo tão bem!

Também quase não durmo e quanto a descanso, quase não há...

Onde está o sono quando se tem a preocupação de a todos satisfazer?

Preparar as azevias, os coscorões, os sonhos, as filhoses... talvez este ano seja melhor inovar... é, vou fazer uns bombons de chocolate com avelãs, odeio avelãs, mas em bombons e misturadas com chocolate... sim, vai resultar... e não é que resulta mesmo...



- Mãe, os teus bombos, sabem a "Ferrero Rocher"...

- Mãe, estão a dizer que são "Ferrero Rocher " caseiros...




Estou tão cansada... não posso parar, não se dá confiança ao cansaço, quando morrer, descanso...

Agora ,é temperar o almoço do dia de Natal, para que logo pela manhã cedo, os tabuleiros possam ir para o forno... tem de correr tudo bem! Meu filho e meu marido ficariam muito aborrecidos se o almoço não estivesse "no ponto", minha filha seria mais benevolente... afinal somos mulheres...

- Mãe, estão todos a dar os parabéns... o comer está PERFEITO...

- O cabrito está muito bom...

- Mas não é cabrito...

- Não? Mas está óptimo...
- Marido, está bom?
- Filho, está bom? Filha?

Tenho de fazer uns doces para "cortar" a gordura dos fritos... vou fazer mouse de chocolate, mouse de maracujá fresquinho, sabe sempre bem, também uma mouse de caramelo, para os mais gulosos... áh, vou fazer também o doce de leite condensado com ananás, afinal todos gostam... uhhhh, bolas, parece-me que a gelatina tem um pouco de água a mais... não faz mal, se não ficar bem, depois dou-lhe um jeito na bimby e vai virar gelado... afinal no dia seguinte: mãe o doce está bom...

Correria para a ceia, o famoso bacalhau... que bem que sabe!
...
- Vamos vá, depressa, ui que frio que está, vamos que ao pé da Sé, é mau sítio para estacionar... Ah, conseguimos lugares sentados, daqui pouco começa a missa...
...
E agora, o momento mais esperado de todo o Natal, as prendas: tapetes de quarto para a nora; cobertor quentinho para a filha; casaco para a mãe; moldura digital para os pais; viagem a Roma para os pais; perfume para o marido, filho e nora; creme de rosto para a filha; mala para a nora; copos para a mana; jogo para o mano; cachimbo novo para o marido... terminou, ufff vou agora descansar um pouquinho... sabem, eu GOSTO da minha família, de os ver comer o que cozinhei, de os ver felizes...

Conversa de cozinha:
- Como é que consegue fazer tudo isto?
- Sabe, com muito trabalho, mas se eles quisessem, repetia tudo para a semana...

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