terça-feira, 22 de novembro de 2011

Capitulo I - Portugal no inicio do século XX

A vida em Lisboa

“Lá Vai Lisboa!
Com a saia cor do mar
E cada bairro é um noivo
Que com ela quer casar…”



O quotidiano português do início do século XX, pode-se afirmar, sem qualquer esforço, como sendo claramente periférico. Vive-se um ambiente cultural mesquinho e medíocre, sem horizontes, tradicionalista, onde a ruralidade é mais forte que a urbanidade.
A implantação da república, a 5 de Outubro de 1910, permitiu uma maior consciencialização do atraso de Portugal em relação á maioria das nações da Europa.
Vive-se de intrigas lisboetas, sem força para alterar radicalmente mentalidades e, muito menos, atitudes e gostos por todo o país, que continua apático e indiferente.
Vive-se num clima de marasmo.
Lisboa, não passa de uma cidade de bairros: Alfama, Madragoa, Castelo, Mouraria, Alcântara, Bica, Bairro Alto, entre outros, os quais hoje se designam de “Históricos ou Típicos”, devendo-se essa sua construção, à zona ribeirinha e ao declive acentuado de colinas. Tendo assim originado certas actividades profissionais: varinas, pescadores, àguadeiros, criadas, lavadeiras, marinheiros, fadistas, etc., que se distraiam em bailes e arraiais, ao som de danças, marchas e fados.
Com algum escândalo e incompreensão geral, irão aparecer, obrigatoriamente, os primeiros “modernismos”, trazidos por jovens artistas portugueses que estagiaram em Paris, como os casos de Amadeu de Sousa Cardoso, José de Almada Negreiros, e, entre outros, o maior poeta do século XX, Fernando Pessoa, com os seus heterónimos, agrupados todos em torno da célebre revista "Orpheu".
Espalham, então, manifestos revolucionários, organizam conferências visionárias, publicam poesias futuristas, de poemas utópicos, e, expõem, no meio da incompreensão, de burgueses ignorantes e boçais, várias obras de grande frescura, inovadoras, inéditas, desconcertantes.
A 28 de Maio de 1926, um golpe militar pôs termo á instabilidade política e á ruinosa gestão das finanças deste país, situação criada ao longo dos últimos 16 anos de república.
O novo regime, autoritário, deu inicio a uma longa ditadura, reforçando os poderes da censura, o que acarretou inevitáveis consequências ao nível das artes e não só. Começa pois, o “Estado Novo”, designação adoptada por ele mesmo, o novo regime.
Portugal, nos anos 30, encontra-se em regime totalitário do Salazarismo, o auto-designado Estado Novo, uma ditadura de “brandos costumes".
Porém, os movimentos autoritários de direita existem, à época, por toda a Europa.
E é bem aqui na cidade, bem no coração de um Bairro popular que nasce, em 1930, um menino a quem deram o nome de Argentino.

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